Candidatos ao Conselho Superior do FC Porto explicam: "Achamos que nem tudo está bem"
Os três primeiros signatários da lista que se apresentará a sufrágio no dia 18 de abril são sócios há mais de 25 anos, declaram-se como independentes e garantem que pretendem auxiliar os órgãos sociais eleitos
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Têm entre 47 e 52 anos, carreiras profissionais distintas, integram um grupo de adeptos do FC Porto criado há dois anos e meio no Facebook e esperam sugerir no Conselho Superior algumas das ideias que são discutidas nesse espaço ou nos almoços que fazem regularmente.
Miguel Brás da Cunha, Avelino Oliveira e Luís Folhadela Rebelo explicam a O JOGO onde nasceu a ideia de avançar para o Conselho Superior
Miguel Brás da Cunha, Avelino Oliveira e Luís Folhadela são os três primeiros signatários de uma lista que se apresentará nas eleições para aquele órgão consultivo a 18 de abril, dia em que também serão eleitos os órgãos sociais para os próximos quatro anos, e declaram-se "absolutamente autónomos e independentes". "Esta ideia partiu de nós; não temos outra alavanca. A partir daí, fomos desafiando os restantes elementos", afiança a O JOGO Miguel, 52 anos, advogado, professor universitário e cabeça de lista, sócio dos dragões há 45 anos.
Avelino Oliveira, 49 anos, é arquiteto e, além da amizade, partilha com Miguel Brás da Cunha a carreira de professor universitário. Foi jogador de hóquei em patins na formação do FC Porto e, hoje, leva "uma vida de adepto". "Entrei para sócio por iniciativa do meu pai, em 1979 [41 anos]. Cheguei a ter lugar anual com ele, mas agora vou com a minha filha", relata, a meio de um dos almoços do grupo.
"A reação à candidatura tem sido excelente. O telefone não pára", garante Avelino, que já assinalou no calendário a data de 24 de maio. "De vez em quando organizamos umas deslocações e a do Jamor já está tratada", assegura o número 2.
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O aparecimento de uma segunda lista a sufrágio para o Conselho Superior não será inédito na história do FC Porto, mas não há memória de tal nos anos mais recentes. O objetivo, contudo, não é formar oposição. "Se temos ideias e sentimos que podemos dar um contributo válido ao clube, porque não apresentar uma lista para o Conselho Superior?", questiona Luís Folhadela Rebelo, 47 anos, consultor e com um passado ligado à banca de investimento e ao capital de risco.
"Se avançamos, é porque achamos que nem tudo está bem. Por isso, quisemos deixar o conforto e o debate das redes sociais e decidimos que era tempo de ajudar a Direção a engrandecer ainda mais o FC Porto com as nossas ideias", justifica este sócio há 27 anos, número 3 da lista, que durante os dez anos em que esteve em Luanda integrou os órgãos sociais da Casa do FC Porto da capital angolana.
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Método de eleição idêntico ao da Assembleia da República
O Conselho Superior do FC Porto está descrito nos estatutos do clube como "um órgão consultivo", formado por 20 associados sénior, o presidente e os vice-presidentes dos órgãos sociais em exercício. A liderança está a cargo do presidente da Assembleia Geral e terá um vice-presidente e um secretário.
O Conselho Superior dos dragões, recorde-se, não tem poder executivo e reúne-se por convocatória do respetivo presidente ou por requerimento de um terço dos conselheiros
No caso dos primeiros, são eleitos numa votação distinta da dos órgãos sociais e na qual se aplica o método de Hondt, que é utilizado também nas eleições para a Assembleia da República. Ou seja, o número de eleitos de uma determinada candidatura, no caso de se apresentar mais do que uma a sufrágio, é proporcional ao número de eleitores que nela votarem.
O Conselho Superior dos dragões, recorde-se, não tem poder executivo e reúne-se por convocatória do respetivo presidente ou por requerimento de um terço dos conselheiros. A este órgão compete, entre outras funções, propor alterações e fornecer pareceres sobre os estatutos ou apresentar sugestões à Direção e aos Conselhos Fiscal e Disciplinar.
O atual, eleito em 2016, com 74 por cento dos votos, é composto por figuras como Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Manuel Pizarro, vereador da Câmara do Porto, Lourenço Pinto, líder da AF Porto, ou Nuno Cardoso, antigo autarca portuense.
Da lista de Miguel Brás da Cunha, Avelino Oliveira e Luís Folhadela Rebelo, que será entregue em breve e que O JOGO publica nesta edição, constam Nuno Linhares, vereador da Câmara de Santo Tirso, Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal, ou Manuel Gutierres, ortopedista e responsável da CUF.