Campeões explicam em O JOGO o impacto nas carreiras e as mudanças no clube no ano seguinte a um título histórico na formação em Portugal.
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Foi há um ano que o FC Porto entrou para a história do futebol português como o primeiro clube a conquistar um título europeu na formação.
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O troféu da Youth League, a Liga dos Campeões de sub-19, foi parar ao museu portista à custa de uma vitória (3-1) frente ao Chelsea, alcançada por uma geração de jogadores que motivou uma aposta recorde na formação por parte dos azuis e brancos. Nos 12 meses que se seguiram a este triunfo, dois cimentaram uma posição na equipa principal (Diogo Costa e Diogo Leite), três entraram diretamente no plantel (Tomás Esteves, Romário Baró e Fábio Silva), um após meia época na equipa B (Vítor Ferreira), seis viram os contratos renovados (Tiago Matos, Rafa Pereira, Vítor Ferreira, Rodrigo Valente, Gonçalo Borges e Fábio Silva) e quase todos saíram valorizados aos olhos do mercado pelo feito que obtiveram. Inclusive o clube.
"O sucesso convida sempre a uma maior visibilidade e exposição de todos, a consequentes oportunidades e resultante valorização. Fundamentalmente, muitos jogadores conseguiram demonstrar ao mundo o seu talento e muito da cultura única que existe no FC Porto", explica a O JOGO José Tavares, coordenador da formação dos dragões. "Existem jovens na estrutura que, no tempo certo, com a preponderância de Sérgio Conceição, que tem continuado o processo de desenvolvimento deles com assinalável rendimento desportivo, podem ter as oportunidades que merecem e oferecer ao clube o retorno devido do seu enorme talento", afiança o dirigente.
Atletas viram contratos melhorados, a valorização e a cobiça aumentarem e as portas do plantel principal abriram-se para uma aposta recorde na formação
Uma catapulta para o patamar superior
Dos 28 jogadores que somaram, pelo menos, um minuto na Youth League da época passada, 25 encontram-se distribuídos pelas três principais equipas do FC Porto (AA, B e Sub-19) ou têm contrato com o clube (Diogo Queirós). Os outros três seguiram caminhos diferentes, assim como o treinador, Mário Silva, que reconhece a importância da conquista para o facto de ter sido "aposta de um ministro árabe que comprou um clube em Espanha". "Isso deve-se muito à visibilidade que tive após aquela vitória", assume o agora coordenador da formação do Almería ao nosso jornal, embora prefira destacar o impacto que a conquista teve para os ex-atletas. "O valor deles é inquestionável, mas os títulos, principalmente numa prova europeia que ninguém em Portugal tinha ganho, catapultou-os para outro nível", nota.
"Há jovens que, no tempo certo, com a prepondância de Conceição, podem oferecer ao clube o retorno devido do seu emorme talento"
Tomás Esteves, agora com 18 anos, foi um dos campeões que viu o triunfo de Nyon antecipar a chegada ao plantel principal. "O impacto foi enorme. Se não fosse aquela final/competição, não estaria onde estou agora", refere a O JOGO o lateral, que ainda não renovou o contrato (acaba em 2021) e tem gerado alguma curiosidade além-fronteiras pelo potencial que demonstra. Tomás saltou diretamente dos sub-19 para a equipa A e viu Fábio Silva, ainda com 17 anos, seguir-lhe os passos. O avançado bateu os mais variados recordes de juventude do clube e em novembro entrou para a história do futebol português à boleia de uma renovação que o deixou com uma cláusula de rescisão estratosférica: 125 milhões de euros. "A formação do FC Porto ganhou uma projeção e um valor muito elevado. Foi bom para o meu nível individual e coletivo", afirma ao nosso jornal, ele que já é procurado pela Juventus, por exemplo.
Romário Baró, que um ano antes já havia experimentado o nível competitivo da II Liga, pela equipa B, é da opinião que a vitória na Youth League veio "confirmar a qualidade da formação do FC Porto". "O reconhecimento é óbvio, não só para mim, como para os meus colegas", acrescenta, em declarações a O JOGO. Vítor Ferreira, que nem foi dos mais utilizados durante o percurso triunfal na prova europeia, chegou mais tarde, mas chegou. "Sabia que quem se destacasse sairia mais valorizado. Mas tinha certeza da minha capacidade e sempre acreditei no meu valor. Felizmente comecei bem a época e tive a oportunidade de chegar à equipa principal", indica o médio, que ainda é o melhor marcador da equipa B, apesar de a ter deixado em janeiro.
De Nyon aos Aliados: a ponte mais desejada
Diogo Costa e Diogo Leite já tinham trabalhado com Sérgio Conceição em 2018/19, pelo que o sonho agora é outro. E está a dez jornadas de distância.
"Se vibrei nos Aliados como adepto, como jogador deve ser especial"
"Enquanto atleta da formação, temos o objetivo de chegar à equipa principal. Agora queremos ser campeões nacionais", atira o central, que aceita a colocação do rótulo de "geração de ouro" à equipa que venceu a Youth League. "Vamos dar tudo no que falta jogar, mantendo sempre os pés bem assentes no chão", acrescenta o guarda-redes, um dos que viu um pequeno mar azul formar-se na Avenida dos Aliados para honrar os heróis de Nyon. "Cheguei a pensar que ia estar vazio. Foi muito bom. Espero poder viver isto como jogador, porque, quando fomos campeões, há dois anos, estava lá como adepto. E se já vibrei assim, como jogador deve ser especial", perspetiva Fábio Silva, num resumo do desejo comum.