ENTREVISTA, PARTE I - Guardião faz, em entrevista a O JOGO, análise à época, com reparos à forma como passou para terceira opção.
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Não fez um único minuto em 2018/19, mas trabalhou em dois plantéis campeões: Benfica e Ajax, ao qual foi cedido em janeiro. Ligado às águias, Bruno Varela desconhece o futuro, mas, em entrevista a O JOGO, reconhece que lhe custa a perceber algumas das opções tomadas.
Sente-se campeão pelo Ajax e Benfica?
- Sim, porque apesar de não ter realizado nenhum jogo, fiz a primeira metade da época no Benfica. Não jogava por opção técnica e todos os jogadores envolvidos no plantel são campeões, porque estamos a disputar um lugar com eles. No Ajax foi a mesma coisa. Conquistei o campeonato e a taça.
Dias depois de ter festejado em Amesterdão, o Benfica foi campeão. Celebrou?
- Foi especial. Tínhamos festejado muito no Ajax e realizou-me como adepto do Benfica, por ter sido uma conquista dos meus amigos. Sei bem o quão difícil foi o início desta época e fiquei muito feliz.
Entre as duas celebrações, qual a mais impressionante?
- [risos] Gostei muito da festa do Ajax, mas a do Benfica envolve mais pessoas, porque o espaço da festa é maior.
Por não ter jogado, arrepende-se de ter assinado pelo Ajax?
- Não foi um erro, porque aprendi muito no Ajax. Evoluí como jogador, cresci muito pela maneira como eles jogam e pela mentalidade deles. Foi uma experiência muito boa. Claro que queria jogar, mas quando surgiu a hipótese Ajax, já sabia que seria muito complicado, porque o Onana estava lá. É um jogador com muito peso no Ajax. Não ia com expectativa de jogar, mas queria mostrar o meu valor e esperar por uma oportunidade. No Benfica era a terceira opção e passei para segunda no Ajax, que estava na Champions. Foi um passo em frente em comparação com o meu início no Benfica.
No Benfica, de primeira opção na época anterior, passou a não jogar. Considera que foi desrespeitado?
- Tinha sido titular na época anterior, cometi um erro e saí, mas são opções e não gosto de comentar isso. Respeito as decisões e os meus treinadores, independentemente da forma como sou tratado. Mas não gostei da forma como fui tratado, nem um pouco, mas é a vida no futebol. Rui Vitória teve-me como primeira opção na época anterior e depois achou que não era a primeira opção. Chegou o Odysseas e para mim fez uma época muito positiva, teve muita influência em muitos jogos e fiquei feliz por ele. Passei para terceiro guarda-redes e obviamente não fiquei satisfeito. De certa forma, não consegui compreender muito bem.
Esteve para sair no início da época...
- Houve várias situações à minha volta, de que estava para sair, o que não aconteceu. Talvez tenha sido um bocado uma consequência disso, mas não sou culpado disso. Estive lá desde o primeiro dia a trabalhar, respeitei todos como qualquer jogador deve fazer, independentemente de concordar ou não. Ninguém me pode apontar o dedo, porque sempre trabalhei no limite, dei o máximo e nunca desrespeitei ninguém.
Em janeiro, com a entrada de Bruno Lage, acreditou que a situação pudesse mudar?
- Tenho uma grande relação com o míster Lage. Treinou-me quando tinha 13/14 anos, e quando chegou já estava para sair. Havia a situação da Turquia e depois o Ajax. A minha saída estava a ser montada, de forma a ter minutos noutro lado, mas tenho olhos... O Odysseas estava muito bem e não havia que tocar naquela posição. O Svilar também ia cumprindo na Taça e não havia justificação para mexer na baliza. Nem eu tinha em mente que por ter uma boa relação com o míster e por treinar bem passaria a jogar. Há que ser consciente e na altura conversámos. Disse-me que sair era a melhor opção.
E na altura, ficou a promessa de contar consigo em 2019/20?
- Nada, o míster estava focado em dar a volta à situação do Benfica.
Gostaria de voltar? Como está a sua situação?
- Em termos pessoais, quero ficar onde for melhor para mim. Se tiver de voltar, voltarei com todo o prazer, desde que seja para disputar um lugar e lutar pela titularidade. Se tiver de ficar no Ajax, também ficarei com todo o prazer. Inglaterra, Espanha, França, o mais importante é que seja a opção que for melhor para mim.
Incomoda-o que o Benfica possa contratar outro guarda-redes?
- Não sou ninguém para comentar isso. São opções dos diretores e dos treinadores.
Jogo de pés evoluiu na Holanda
Varela reconhece que se aprende mais em situação de jogo, mas não foi pela ausência de minutos que regrediu. "O jogo é que nos dá estaleca e confiança, mas, mesmo não tendo jogado nesta segunda metade da época, na Holanda, evoluí muito no jogo de pés. Tive uma evolução que precisava em treino e ganhei nesse aspeto", diz, acrescentando que na próxima temporada terá empenho redobrado. "Não sei onde vou estar, mas estarei a trabalhar muito forte para poder jogar", garantiu o guardião de 24 anos, que ambiciona voltar à Seleção.