Há dois anos, José Couceiro foi muito criticado por ter colocado Tozé a marcar uma grande penalidade ao FC Porto. Agora estava de novo preparado para a suspeição ao meter no onze o ex-Benfica
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José Couceiro é um treinador que não tem medo de arriscar, surpreendendo até com algumas decisões, como aconteceu recentemente no Estádio da Luz, ao colocar na baliza Bruno Varela, um guarda-redes de 21 anos que fez toda a formação no Benfica. O jovem internacional tinha vindo de uma grande exibição nos Jogos Olímpicos ao serviço de Portugal, mas havia um risco, o de falhar, o que poderia acontecer com naturalidade. Não falhou e esteve em grande. Valeu a pena o risco. O treinador comenta:
"Não foi a primeira vez que estreei um guarda-redes na I Liga. Já o tinha feito com o Paulo Ribeiro, há uns anos, e até empatámos a um golo em Alvalade. Lancei o Bruno Varela sabendo o que estava a fazer, sabendo também que estava a correr um risco, mas ele também sabia", conta Couceiro.
Bruno Varela até já tinha feito, na pré-temporada, um jogo contra o Benfica, no Torneio do Algarve. "Isso dava uma boa almofada de conforto, mas é evidente que se na Luz perdêssemos por 1-0 e o golo fosse o resultado de um erro do Bruno, tenho a certeza de que iam dizer muitas coisas feias e levantar suspeições, porque infelizmente é muito fácil levantar suspeições. Iam cair muitas dúvidas sobre o miúdo."
José Couceiro garante que se protege sempre nessas situações: "Vamos avisados, falei com o jogador e percebi que podia contar com ele. Transmiti-lhe a confiança necessária para ele estar tranquilo. Se falhasse, seria com certeza o guarda-redes no jogo imediato." Bruno Varela não falhou e Tozé também não... A 9 de novembro de 2014, aos 80 minutos, o FC Porto estava empatado a um golo com o Estoril, treinado por José Couceiro. Aos 80 minutos houve uma grande penalidade contra os dragões e foi Tozé, emprestado pelo FC Porto, a marcar o penálti. Não falhou...
"A situação é algo idêntica à do Bruno Varela, e foi até recordada a esse propósito recentemente num comentário n"O JOGO. Foi novidade e até uma surpresa ser ele a marcar, mas o Tozé sabia que se houvesse um penálti, seria ele o marcador, a não ser que se sentisse desconfortável. Como é um grande profissional, cumpriu com a sua obrigação. Ele estava bem ciente da responsabilidade e daquilo que iria ouvir se por acaso falhasse." Não falhou e, mesmo assim, ainda teve de enfrentar algumas críticas estranhas, tal como Couceiro. "Há uma coisa, e isto é uma verdade de La Palice: ou somos sérios ou não somos."
Leia a entrevista completa na edição e-paper de O JOGO