Jogador garante que mantém o espírito combativo e irrequieto em campo. Fafe conseguiu a primeira vitória na Liga 3, que não chegou antes porque tem faltado "sorte"
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Natural do concelho de Fafe, Bruno Monteiro, 38 anos, regressou a casa, mas não para acabar já esta época a carreira. Garante sentir-se em forma e recorda um trajeto em que cumpriu um dos principais objetivos: jogar na Liga Bwin.
Está de volta ao clube onde se lançou como sénior. Era algo pensado?
-Já era algo pensado. Sempre quis terminar a carreira onde comecei, que é na minha terra, agora pendurar as botas, depende... Enquanto me sentir bem, quero jogar; não quero dizer que este ano vou acabar. Enquanto o corpo der, e eu cuido-me bem, vou continuar a jogar. Tenho o curso de treinador, mas para já estou focado em estar dentro de campo.
Na época passada saiu do Leixões (Liga SABSEG) e foi para o Amarante (Campeonato de Portugal). Ter baixado dois escalões foi difícil?
-Na altura, tive vários convites da Liga 3, só não aceitei porque eram de clubes demasiado longe de casa e não compensava. Tinha de fazer o estágio do segundo nível de treinador e aceitei o Amarante, que é um bom clube e que me abriu as portas.
Entretanto, o Fafe conseguiu a primeira vitória no campeonato, ao fim de seis jogos. Este é um início aquém do esperado?
-Já andávamos à procura de uma vitória há muito tempo. Não temos conseguido por mero azar, temos falhado alguns penáltis e, por coincidência, conseguimos ganhar em Braga com um penálti. A equipa é nova, é preciso dar tempo e estamos focados em ultrapassar esta fase menos positiva. A Liga 3 é muito competitiva, já joguei nos três campeonatos e a Liga 3 equivale-se bastante à Liga SABSEG. As diferenças não são muitas. Tem faltado uma pontinha de sorte; temos de acreditar mais em nós, temos uma boa equipa e precisamos de nos soltar em campo.
Em 2008 saiu para o Boavista. O que mudou no Bruno Monteiro desde então?
-Estou muito mais experiente e mais calejado. Sei ocupar várias zonas do campo, sei o que o jogo pede e sou aquele jogador que não está parado em campo. Perde-se velocidade, mas não me sinto muito diferente do que era como médio. Se calhar, ganho mais agora com a experiência; em vez de fazer dois ou três piques à toa, só faço um.
Olhando para trás, fez da carreira aquilo que pretendia ou fez mais do que sonhava?
-Estou a fazer uma boa carreira. Joguei vários jogos na Liga Bwin, quando era miúdo sempre quis jogar na I Liga e isso foi um sonho que se concretizou. O meu trampolim para regressar à I Liga foi ganhar o Campeonato de Portugal (Freamunde) e a II Liga (Tondela). Tinha estado no V. Setúbal, baixei de escalão, tive de começar tudo de novo e foi pelo meu esforço que voltei.
A passagem pelo Tondela foi particularmente marcante por terem sido vários anos seguidos na I Liga?
-O Tondela foi a minha segunda casa, foi o clube que me lançou para o futebol, onde vivi momentos espetaculares e no qual atingi sempre os objetivos. Foi onde me fizeram sentir jogador.
Acabou por também ser um jogador querido da massa associativa. Sente que encarnava o espírito beirão?
-Em Tondela apelidaram-me de bombeiro, porque conseguia fazer as dobras todas. Quando és acarinhado, as coisas correm muito bem. Havia uma ligação muito grande entre jogadores e adeptos e isso foi fundamental.
Voltando ao Fafe, qual é o objetivo do clube?
-Na fase regular, toda a gente tem o objetivo de ficar nos quatro primeiros. Ainda há muitos jogos pela frente. Temos é de encarar todos para ganhar, precisamos de recuperar o tempo perdido e tentar conseguir os três pontos em cada jornada.
Quando é que, em miúdo, sentiu que o futebol estava a tornar-se uma coisa séria?
-Jogo futebol federado desde os nove anos, tendo começado numa freguesia de Fafe. Comecei por ter a ambição de jogar na cidade, fiz a formação no Fafe dos iniciados aos juniores, depois entrei nos seniores e a partir daí passei a ter outras ambições.
Depois de acabar a carreira, o futuro passará pelos bancos?
-Quero sinceramente fazer parte do futebol, seja como treinador ou diretor, porque é aquilo que me dá mais gosto. Passei por bastantes clubes e sei o que o futebol quer e pede.
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