Bruno Marioni, ex-Sporting e Villarreal, recorda passagem por Alvalade: "Fui mau profissional"
"Luxo" do Sporting em 1997 e também ex-jogador do Villarreal, o argentino abriu o livro a O JOGO. "A fama e o dinheiro", vinca, foram os seus principais inimigos em Alvalade
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Levou o Sporting a pagar um milhão de contos (5 milhões de euros) ao Estudiantes pelo seu passe, mas a irreverência da juventude levou-o... para os caminhos errados. Hoje, o arrependimento é total e pede "desculpa"
Chega ao Sporting em 1997 por um milhão de contos, mas acabou por não vingar. Passados tantos anos, consegue dizer porquê?
-Tinha 22 anos e era a minha primeira experiência no estrangeiro. Foi emocionante ter a possibilidade de jogar numa equipa tão importante como o Sporting. Era a transferência mais cara na história do clube e isso gerou uma enorme expectativa. Mas a verdade é que não fui um bom profissional, não fiz as coisas como devia e depois de um ano e meio tive de voltar à Argentina [ao Independiente]. Hoje, lamento não ter aproveitado a oportunidade.
E porque é que não foi um bom profissional?
-Porque era jovem, porque não treinava a cem por cento, porque não fui um bom profissional fora do campo e isso impediu-me de ter um bom rendimento nos jogos. Tinha fama, dinheiro e muitas vezes, quando és jovem, e tens tudo isso, a cabeça toma más decisões.
Mas guarda algum bom momento no Sporting?
-O golo ao Lierse, na Liga dos Campeões! [n.d.r.: o Sporting venceu por 2-1 a fechar a fase de grupos] Foi um bom momento. No global, lembro-me que com Octávio Machado não tive muitas oportunidades e ainda não sei se ele gostava ou não de mim... A verdade é que quando ele saiu, chegou o Vicente Cantatore e comecei a jogar com maior regularidade, a crescer. Também joguei várias vezes com o Carlos Manuel. No segundo ano, chegou Mirko Jozic e de um dia para o outro decidiu que devia sair. Mas nessa época já era melhor profissional, estava a trabalhar bem. Às vezes, os treinadores tomam decisões que não agradam aos atletas.
O que nos levou até si também foi o facto de ter jogado no Villarreal, em 2000/01. O Sporting vai ao El Madrigal em desvantagem. Como é, pela sua experiência, jogar ali?
-Será um jogo muito difícil, muito duro. O Villarreal tem, tal como o Sporting, jogadores de grande qualidade, e há vários anos que trabalha bem. O Sporting vai encontrar dificuldades, pois falamos de uma equipa importante em Espanha. Não é um Real Madrid, um Barcelona, um Atlético nem um Valência, mas é uma equipa poderosa, principalmente a nível financeiro.
Vincou que não foi um bom profissional e apontou a fama e o dinheiro como as principais causas. Aqui, no Sporting, houve um compatriota seu que não se adaptou da melhor forma - Alan Ruiz. Acha-o com um perfil idêntico ao seu?
-Muitas vezes, os jogadores não têm educação financeira nem familiar; não percebem que a fama e o dinheiro acabam por entrar nas suas vidas. Uns corrigem [o seu comportamento], outros não.
A acabar, quer dizer algo aos adeptos do Sporting?
-Quero pedir desculpa aos adeptos por não ter aproveitado a oportunidade e jogar aí mais anos. É um clube com adeptos incríveis, numa cidade incrível. É das coisas que mais vezes digo aos meus jogadores, que a minha passagem pelo Sporting é das coisas que mais lamento na minha carreira. Um grande abraço!
"Mudança de nome foi uma história familiar muito bonita"
Chegou a Portugal como Bruno Giménez, mas quando voltou à Argentina mudou o apelido para... Marioni. Ficou o mito sobre um possível "rebranding". Será? "[risos] Não... O meu pai nunca tinha conhecido o seu pai, o meu avô, mas encontrou-o aos 53 anos. Aí, toda a nossa família decidiu incluir o "Marioni" nos seus nomes. No meu caso, Giménez era o apelido do lado materno. É uma história familiar muito bonita e não tem a ver com a necessidade de limpar a imagem", conta.