Declarações do treinador do Benfica após a conquista da Taça da Liga, numa final frente ao Sporting resolvida nos penáltis, após 1-1 no marcador
Corpo do artigo
O que lhe passou pela cabeça quando venceu: "Foram os meus filhos, sempre que um jogador ia bater eu só pensava: 'isto é nosso'. Há uns tempos, eu já falei sobre isto, quando fui ver o Barcelona com o PSG, na Champions, levei os meus dois filhos comigo e prometi-lhes que o pai voltaria a jogar jogos da Liga dos Campeões e ganhar títulos. Dois ou três meses depois, a oportunidade voltou a surgir. E foi isso que eu disse aos jogadores na roda, agradecer-lhes pela forma como trabalham e como acreditam na ideia. Um dia especial, 100 jogos. Um grande enorme pertencer a esta equipa. Acredito muito que o futuro é risonho. Agora temos de encontrar a consistência no nosso jogo. Não há muito tempo para festejar. Temos novamente dois dias de descanso entre os jogos, temos uma eliminatória com o Farense. Folga? Temos de dar. Eles já sabem. Se é merecida? Sousa [comentador presente na conversa], tu já foste jogador, não é só o físico, é o desgaste das deslocações, das reuniões, para além do desgaste físico."
O jogo: "A primeira parte foi fantástica. As duas equipas a tentar. Ninguém se encolheu. Foi um grande jogo de futebol, principalmente na primeira parte. Sinto que nós, com mérito, chegámos à vantagem. A segunda parte foi mais equilibrada, disputada e repartida. A partir dos 20 minutos começámos a refrescar algumas peças para continuarmos a atacar da forma como pretendíamos e o Sporting a responder também. Fomos competentes pelo golo e depois nos penáltis por termos conquistado o título."
Tomás Araújo como titular, Schjelderup no onze: "Chegámos em setembro, não tivemos o período de pré-época, de conhecer os jogadores e de eles perceberem as nossas ideias ou onde eles podem jogar para potenciar as nossas ideias e aquilo que pretendemos. Quando chegamos a um clube, reorganizamos a equipa e os jogadores. Não tivemos margem de erro: no campeonato, na Liga dos Campeões, onde temos de contribuir com uma boa fase, pela importância e prestígio que a prova tem e dá ao clube. O Bah e o Akturkoglu tiveram um contributo enorme e conseguimos, numa primeira fase, chegar à primeira posição [do campeonato]. Mas os jogadores que vão jogando menos também têm de ter tempo de treino, a crescer, a entenderem a dimensão do Benfica... Jogar e treinar com a equipa e perceber as ideias, tudo isso demora tempo. A evolução de alguns jogadores, a consistência, e o mais algum tempo para treinar, levou-nos a isto. Alguns jogadores que nos deram tanto, têm de ter algum tempo para recuperar para depois continuar a contribuir. Temos uma equipa de enorme qualidade e temos de jogar o que queremos em todo o momento, a forma como queremos pressionar. A grandeza do clube obriga-nos a dar respostar como esta."
Pressão do Benfica: "Tocando nesse ponto, para além da estratégia e a forma como temos de pressionar, porque a forma como queremos é olhar para o sistema do adversário e perceber. Muitas vezes dizemos: queremos fazer isto, isto e isto. Mas depois temos de perceber se os nossos jogadores têm capacidade para fazer isso. O Sporting tem médios de enorme qualidade e quando se aperta tem um ponta-de-lança que é muito bom a atacar a profundidade, ele anda por ali e quando um central dá um passo em frente, ele está por ali para aproveitar. Das análises que fomos fazendo, a pressão não mudou assim tanto, mas a equipa esteve mais compacta. Mas depende sempre de cada jogo e da estratégia. Para dar um exemplo da pressão, o Sporting tentou fechar um corredor e dar-nos outro. Enfim, não vou dar o jogo todo. Eles queriam pressionar determinado jogador, nós tirámo-lo e colocámos lá outro. Já têm muito tempo de treino. Sente-se. Os centrais do Sporting já sabem que quando pisam, têm de se mexer e nós temos de percorrer esse caminho. Para quem está na bancada é preciso perceber o porquê de os jogadores pisarem a bola, de esperarem que o adversário se abra. Hoje, o nosso futebol, e olho para o campeonato português com muita qualidade a puxar para trás, a meter no central, no guarda-redes, e a obrigar o adversário a subir."
O dia seguinte à conquista: "Descansar e preparar o jogo. Um olho na televisão e outro no Farense. A felicidade é momentânea. Há tanto para fazer. Sinto-me realizado e estou muito feliz por ver que os meus filhos têm orgulho no pai."