Bruno Lage e a saída do Benfica: "Não se trata de ser justo ou não. Foi decisão do presidente"
O treinador português Bruno Lage, agora sem clube, deu uma entrevista ao portal Transfermakt e abordou a passagem pelo Benfica e o momento atual dos encarnados.
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Saída do Benfica: "Na primeira época, recuperámos um atraso de sete pontos e, na época seguinte, no final da primeira volta, éramos nós que tínhamos sete pontos de vantagem. Perdemo-la depois da primeira queda de rendimento que tivemos em 13 meses. Quando o campeonato recomeçou, após a interrupção causada pela pandemia, jogámos em casa, no Estádio da Luz. Tivemos um bom desempenho, mas perdemos várias oportunidades, e sentimos a ausência dos adeptos. Jogar num estádio sem adeptos foi uma experiência nova, e sinto que, com eles, poderíamos ter vencido aquele jogo. Apesar do empate, estávamos com os mesmos pontos que o primeiro classificado. Nessa noite, o nosso autocarro foi atacado e o Weigl e o Zivkovic magoaram-se. As casas de vários jogadores foram vandalizadas. Gerou-se um clima de grande instabilidade em torno da equipa. Sinto que, com cinco jogos da liga ainda por disputar, assim como a final da Taça de Portugal, poderíamos ter terminado a época. E então, com tempo e calma, tomaríamos a melhor decisão para todos, particularmente para o Benfica. Não se trata de ser justo ou não. Foi uma decisão do presidente que devemos respeitar. O projeto não era meu, era do Benfica, embora eu tenha feito parte dele durante muito tempo. Fui treinador num clube com a magnitude do Benfica em todos os escalões desde os sub-11, e fui campeão nacional com a equipa principal, tendo apenas jovens da equipa B como reforços no mercado de janeiro."
Presidência de Rui Costa: "Estou bastante familiarizado com as ideias de Rui Costa. Pôs em prática as suas ideias para a construção de um plantel. Identificou com precisão quem ainda era capaz de atuar no Benfica, olhou para dentro e trouxe os melhores jovens para trabalhar com a equipa principal, e olhou para fora para trazer reforços de qualidade indiscutível que acrescentam valor. Não me surpreende vê-lo, como presidente, a trazer jogadores de topo, como o Enzo Fernández. Teve tempo suficiente para escolher o treinador que melhor pudesse implementar e complementar as suas ideias. Ele trouxe o Roger Schmidt e as coisas têm estado a funcionar bastante bem. O Benfica joga muito bem, está a liderar o campeonato e passou a fase de grupos da Liga dos Campeões na primeira posição. A relação entre o presidente e o treinador é crucial para sustentar o projeto de um clube."
Gonçalo Ramos: "Agora é fácil falar, especialmente depois do Mundial e do último dérbi contra o Sporting. É um atleta de alto rendimento e com grande potencial. Penso que é semelhante ao Raúl Jiménez na forma como pressiona e na dinâmica ofensiva que oferece a uma equipa. Marca golos, é forte no ar, domina o espaço e os tempos dentro e fora da área, e joga entre linhas. Portugal tem muitos avançados de alta qualidade, e Gonçalo Ramos é um deles."