Médio do Sporting foi esta quarta-feira oficializado como reforço do Manchester United.
Corpo do artigo
Uma capacidade goleadora invulgar para um médio, leitura de jogo, qualidade de passe e enorme entrega fizeram do futebolista Bruno Fernandes um verdadeiro "one man show" em dois anos em meio ao serviço do Sporting.
Depois de muitas saídas falhadas, o internacional luso disse mesmo adeus aos verde e brancos, rumo ao Manchester United. "Tenho o desejo de jogar em Inglaterra, é o campeonato em que eu ambiciono jogar", disse, várias vezes, o jogador luso. Confessou-o, mas, foi ficando, sem nunca se mostrar, porém, contrariado, pelo menos sem nunca o demonstrar em campo.
Bruno Fernandes foi, aliás, quase tudo o que de bom teve o Sporting nos últimos tempos, um jogador de qualidade ímpar, daí ter sido eleito o melhor jogador dos dois últimos campeonatos sem necessitar de conquistar a prova, contrariando essa 'lógica'.
Aos 25 anos, completados a 8 de setembro, o 8 dos leões ruma de Alvalade para Old Trafford, como um dia Cristiano Ronaldo, e deixará, certamente, saudades, tal a forma marcante como impôs a sua qualidade, chegado sem 'pompa e circunstância' de Itália.
Depois de cinco anos por terras transalpinas, ao serviço de Novara, Udinese e Sampdoria, o treinador Jorge Jesus piscou-lhe olho e Bruno Fernandes regressou a Portugal em 2016/17, depois de representar a seleção lusa nos Jogos Olímpicos Rio2016.
Ainda sem o estatuto de internacional AA, aterrou em Alvalade como uma promessa e rapidamente se impôs, com um futebol sempre a aliar qualidade a uma enorme competitividade, conquistada em Itália, onde não se facilita na hora de defender e batalhar.
O jogador que, na formação, passou pelo Boavista ganhou a titularidade de início, num conjunto que, então, tinha uma série de jogadores de qualidade, de Rui Patrício a Bas Dost, passando por Fábio Coentrão, William Carvalho ou Gelson Martins.
Bruno Fernandes disputou um total de 56 jogos na primeira época e marcou 16 golos, festejando a conquista da Taça da Liga, em Braga, mas quase se ficou por aí, pois, após o ataque à Academia de Alcochete, optou, como outros, por rescindir contrato, ao não sentir condições para continuar.
https://d3t5avr471xfwf.cloudfront.net/2020/01/some_are_born_great_some_achieve_greatness_and_some_have_greatness_thrust_upon_them__20200129163531/hls/video.m3u8
Mais tarde, acabou por retroceder e voltar, para felicidade do Sporting, que viu o 8 transformar-se num goleador temível: nos 53 jogos cumpridos em 2018/19, duplicou o número de golos, fechando como 32, números ímpares na Europa para um médio.
Só no campeonato, foram 20 os golos de Bruno Fernandes, que, pela segunda vez consecutiva, foi eleito o melhor jogador, mas, uma vez mais, não conseguiu que os 'leões' dessem luta a Benfica e FC Porto, o que implicou voltar a ficar longe da Champions.
Mas, a culpa não foi, certamente, do médio leonino, que, já sem muitos dos companheiros da época anteriores, que, ao contrário dele, não fizeram marcha atrás e foram mesmo embora, acabou por levar o Sporting às costas rumo a duas conquistas.
Capitaneado por Bruno Fernandes, o conjunto de Alvalade, comandado pelo holandês Marcel Keizer, revalidou a Taça da Liga e venceu a Taça de Portugal, prova em que marcou em todos os jogos, exceto na final, arrebatada ao FC Porto nos penáltis. Depois de dois troféus, na ressaca do assalto a Alcochete, esperava-se um 2019/20 em crescendo, mas a época começou com um 0-5 com o Benfica, na Supertaça, e o Sporting não mais se conseguiu levantar, optando pela habitual solução de 'culpar' o treinador.
11691861
A Keizer, seguiu-se o interino Leonel Pontes, que fez a passagem para Jorge Silas, e, com o primeiro, o segundo ou o terceiro, a equipa raramente funcionou e Bruno Fernandes raramente não foi o melhor, sendo por vez o único a funcionar, talvez por isso os constantes protestos, a insatisfação.
Em 28 jogos em 2019/20, marcou 15 golos - para um total de 63 tentos em 137 encontros pelos leões - e esteve em quase todos os outros, mas acabou, segue-se o Manchester United. Para trás, fica uma equipa que se sentirá, certamente, órfã.
"Gostaria que ele ficasse", disse Silas, depois do triunfo de segunda-feira na receção ao Marítimo, explicando o porquê: "É um jogador diferente, vê coisas que ninguém vê. Qualquer equipa, em Portugal, que tivesse o Bruno e o perdesse, com certeza que se ia ressentir e nós também nos vamos ressentir".
Bruno deixa Portugal, mas não a seleção lusa, onde já se impôs como titular e que, certamente, irá representar na fase final do Europeu de 2020.