Treinador espera voltar a trabalhar, após ano ingrato com passagens curtas por Trofense e Varzim. Lembra contingências e puxa de galões pelo que trabalho feito no Espinho e Felgueiras
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Aos 41 anos, Bruno China espera em breve regressar aos bancos para procurar firmar um caminho de sucesso, dentro das pistas deixadas no Espinho e Felgueiras, sofrendo com passagens curtas e contextos turbulentos na última temporada, na Liga 3, ao serviço de Trofense e Varzim. "Fizemos dois excelentes trabalhos. Em Espinho recordo que poucos acreditavam que se pudesse salvar. Já em Felgueiras a equipa lutou até ao fim pela subida e fomos primeiros na fase regular. Agora surgiram projetos difíceis e que fazem refletir", admite o antigo trinco, procurando diminuir riscos daqui para a frente.
"A aprendizagem que levo é que é muito importante recolher o máximo de informação sobre o destino, sobre o clube no qual vais entrar. O cenário que te pintam pode ser diferente do real. Isso foi assim no Trofense", defende, contextualizando as adversidades com que foi forçado a lidar. "Para entrar em projetos duvidosos mais vale ficarmos parados, sem treinar, sem competir", afiança Bruno China, não negando muita ponderação. "Em relação ao projeto ideal tenho que encontrar as melhores condições e também que acreditem nas ideias e forma de trabalhar. Que nos façam sentir desejados e que haja tempo para uma avaliação justa, nunca será em três meses. Quero muito trabalhar, esta é a nossa vida, mas a gestão de carreira é fundamental e podemos defender melhor a nossa valorização estando parado do que envolvidos em contextos duvidosos. Podemos sair prejudicados", declara o técnico, esperando não ficar marcado por nove jogos na Trofa e seis na Póvoa.
"Quero acreditar que não! Muitos tiveram percalços no seu caminho e não deixaram de chegar ao topo! Não fomos nós que montamos os plantéis, num caso e noutro não tivemos mercado de inverno, não tivemos interferência em qualquer mercado, foram contextos com muitas vicissitudes, a começar por problemas salariais e de logística na Trofa. Tudo diferente do que nos apresentaram. Estávamos, mesmo assim, a um ponto do play-off quando saímos. Acabou por terminar a três. No Varzim foi um bocado diferente, não faltaram condições, fomos vítimas de fatores do jogo, pois não foi normal sofrermos três expulsões muito prematuras em seis jogos", atira, deixando no ar a reprovação pelas arbitragens. "De resto era um clube com uma pressão muito forte de fora para dentro e fomos sentindo que a malta estava muito desgastada psicologicamente. Não conseguimos o clique, faltou uma vitória", relata Bruno China, aludindo a outra dificuldade. "O tempo que tivemos nos dois clubes corresponde praticamente a uma pré-época, as saídas acontecem quando a equipa fica mais preparada para absorver ideias", sustenta.
Das marcas de Vítor Oliveira, Carvalhal e Sérgio Conceição, à ambição que prevalece
Bruno China deixou uma marca interessante de jogos na Liga, 151, passando por Leixões, Rio Ave, Belenenses e Académica...Agora também persegue os melhores palcos na pele de treinador. "Ambiciono fazer mais como treinador do que fiz como jogador, mesmo muito satisfeito com a minha carreira. Pensa-se sempre que se podia ter feito mais mas posso dizer que conquistei muitos dos sonhos que determinei. Consegui coisas importantes com o meu clube do coração, joguei na melhor liga do mundo", realça, reconhecido aos técnicos que mais ferramentas lhe deram. "Fui treinado por Carvalhal, Vítor Oliveira, Conceição, Mota, Pedro Emanuel, Carlos Brito. De todos bebi sempre um bocadinho, uns marcaram mais. Destaco o Vítor pela liderança, frontalidade e honestidade. Procuro isso, sei dessa importância, sei como os jogadores pensam". "Depois há as referências de jogo, um aspeto no qual procuro desenhar uma equipa equilibrada, que saiba o que tem a fazer em cada momento de jogo, seja processo ofensivo, defensivo, transições e bolas paradas. O equilíbrio é fundamental e gosto de uma posse de bola objetiva em direção a baliza com motivo de golo", explica.
"Liga 3 tem dado frescura"
Já com experiência acumulada na Liga 3, Bruno China é um adepto do modelo de competição encontrado e do chamariz associado com muito peso mediático. "A Liga 3 foi uma ótima opção, uma lufada de ar fresco pela atenção, visibilidade e carinho dado à prova. Ganhou muitos seguidores, muita gente acompanha a competição em jogos pela televisão ou youtube. Nada parecido com o que era o Campeonato de Portugal. Há uma credibilidade que tem crescido imenso na Liga 3 e percebe-se que há uma exigência grande da FPF sobre os clubes, em questões de relvados e condições de trabalho", evidencia o técnico. "Aproximou-se muito dos campeonatos profissionais, é muito favorável a fazer crescer jogadores, técnicos e clubes. É uma pena só competirem 20 clubes, haveria espaço para mais."