Bruno Brígido terminou uma ligação de quatro anos ao clube, ele que chegou, indicado por Vaná, transferido posteriormente para o FC Porto. Nesta pré-época, esteve para sair, mas ficou. O guarda-redes foi suplente de Caio Secco, nas primeiras duas épocas, brasileiro com quem aprendeu bastante e construiu uma enorme relação. Agora, o objetivo é fazer uma carreira sólida
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Chegou ao fim o ciclo de Bruno Brígido no Feirense. O guarda-redes foi contratado em 2018/19, quando o emblema de Santa Maria da Feira, ainda estava na Liga Bwin, por indicação de Vaná, que tinha trabalhado com ele no Coritiba (Brasil) e no ano anterior, tinha sido transferido para o FC Porto por um milhão de euros.
Os primeiros dois anos de Brígido foram passados na sombra do compatriota Caio Secco e nos últimos dois, o brasileiro impôs-se e ganhou alguma notoriedade, numa equipa que lutou até às últimas jornadas, pela subida de divisão.
"Foi a minha primeira experiência na Europa, que era um sonho que tinha por realizar. Também tinha a opção de ficar no Guarini (Brasil), mas optei pelo Feirense porque queria experimentar uma liga diferente e vim com ambição e vontade", contou, revelando que o primeiro ano, foi o menos positivo dos quatro que leva em Portugal. "Infelizmente nessa época, acabámos por descer de divisão. Passado quatro ou cinco meses de estar cá, sofri uma pneumonia e estive cerca de um mês afastado dos relvados. Tirando esse primeiro ano, que tive imprevistos e infelicidades, o balanço é positivo. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes pessoas e acaba por ser um ciclo que se encerra, com o Feirense nos últimos três anos, a lutar pela subida até às últimas jornadas. Não conseguimos o objetivo, mas acredito que em breve o Feirense vai voltar à I Liga", sublinhou.
Sobre a luta pela titularidade com Caio Secco, o guardião ganhou um amigo para a vida. "Quando cheguei, o Caio estava cá há um ano, vinha de uma excelente época. Temos quatro meses de diferença de idade, desde sempre nos demos bem e aprendemos muito um com o outro. Foi um convívio bom, sempre com muito respeito, a desafiar-nos todos os dias nos treinos. Tornamo-nos grandes amigos e as famílias ficaram muito próximas", explicou, aprofundado o grau de afinidade.
"Ele [Caio] ia casar-se no ano passado e não conseguiu devido à pandemia e eu e a minha esposa fomos convidados para ser padrinhos de casamento. O casamento passou para este ano, mas infelizmente não vamos ao Brasil, devido ao nascimento do nosso filho [Samuel], que ainda não tem um mês", precisou, admitindo que o facto de ter duas crianças pequenas, também equacionará a decisão quanto ao futuro.
"Tenho algumas situações no Brasil, mas quero continuar na Europa. Mais um ano em Portugal e já consigo ter a dupla nacionalidade. Quero ter uma carreira sólida para no fim olhar para trás e sentir orgulho que valeu a pena todo o esforço", sintetizou, ao explicar que no início desta época, esteve para sair e isso impediu-o de partir como primeira opção.
"Houve um desinvestimento e fui colocado no mercado. Entretanto, as coisas não evoluíram da forma como queríamos, as opções que apareceram, não aceitei e acabei por ficar e perder o início da época. Quando o mercado fechou, era o terceiro guarda-redes. Entretanto, houve a lesão do Igor, o Arthur que era o segundo assumiu a titularidade e o Rui Ferreira achou que a minha entrada iria acrescentar e consegui ajudar o Feirense a fazer uma boa campanha, pois era um dos mais experientes do plantel", avaliou, apontando "a menor assertividade no último terço do campeonato", como o fator que impediu o grupo de não conseguir mais do que o quarto lugar.
Autoavaliação
"Sou um guarda-redes muito tranquilo, com boa leitura de jogo, procuro dar suporte aos companheiros e ser o mais assertivo e simples. Rápido entre os postes, tenho um certo à vontade com os pés e tento fazer tudo o que acho que tenho potencial para dar confiança à equipa"
Diferenças
"Notei diferenças quando cheguei. Hoje a diferença é bem pequena. O relvado aqui está sempre molhado, a forma como o português respeita as táticas e o que é pedido pelo treinador. No Brasil, o jogador é um pouco mais desobediente e tem mais liberdade para arriscar. Aqui são mais rigorosos taticamente, mas no geral foi rápida a adaptação".
Rui Ferreira
"Na época passada, o Rui Ferreira já mostrou quem era. Muito inteligente taticamente e com uma linguagem muito próxima dos jogadores. Teve um papel importante a lançar jovens, que se estrearam numa II Liga e conseguiram bater de frente contra equipas grandes".
Ídolos
"Quando era miúdo, torcia pelo Palmeiras e gostava muito do Marcos, que fez lá toda a carreira e foi campeão do mundo na baliza do Brasil, em 2002. Ter Stegen e Oblak são os atuais que mais admiro. Paro para assistir e olhar cada detalhe do que fazem em campo"