Portista foi observado antes do Mundial'2022 e dá prioridade total ao escrete. Polivalência é trunfo.
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Capacidade técnica, polivalência e regularidade exibicional são três das qualidades que tornaram Pepê numa peça indiscutível do FC Porto de Sérgio Conceição e, em simultâneo, podem abrir caminho à concretização de um sonho antigo: representar a seleção do Brasil.
O ex-Grémio deixou o país-natal em 2021 para rumar ao Dragão, mas não foi esquecido. Bem pelo contrário.
O nível evidenciado ao longo destas duas épocas chamou a atenção do escrete e a primeira chamada pode estar no horizonte, até porque Pepê já foi alvo de observações ainda antes do Mundial do Catar. "A versatilidade que mostrou no FC Porto, que ainda não tínhamos visto, acaba por alargar o leque de opções para uma convocatória para a seleção brasileira. Chegámos a observar o atleta, mas já na reta final do processo do Mundial, no sentido de fazermos alguma experiência com ele. Pelo nível que alcançou em Portugal, não descarto uma convocatória", revelou a O JOGO Matheus Bachi, filho e adjunto de Tite, que deixou o comando técnico da canarinha em dezembro.
Extremo de raiz, Pepê começou como lateral-direito os últimos três jogos do FC Porto, por força da lesão de João Mário, numa situação vista em várias ocasiões anteriores ao longo desta época e já em 2021/22. É comum, aliás, ver Sérgio Conceição recuar o camisola 11 no decorrer das partidas, pelo que há muito que a posição deixou de ter mistérios para o ala. Um fator que, aliado à "crise" de laterais-direitos que o Brasil atravessa, pode beneficiar a causa de Pepê. "Acredito que, começando a estabilizar-se como lateral, pode ser uma opção para a seleção, havendo uma troca de gerações no lado direito", afirmou Bachi, ao sublinhar que agarrar uma vaga no ataque constitui cenário mais delicado. "[Lateral] é uma posição em que tem menos concorrência. Como extremo ou como médio, a concorrência no Brasil é muito grande. Agora, na lateral, com a troca de gerações, acredito que existam janelas de oportunidade maiores para um atleta", reitera o técnico.
O nome do próximo selecionador do Brasil ainda não é conhecido. Por enquanto, é Ramon Menezes - técnico dos sub-20 - que vai segurando as pontas, mas há a certeza de que Pepê não desapareceu do radar, até pelas características que conjuga. "É versátil, pode oferecer amplitude e jogo interior. E com o tempo vai adaptar-se cada vez mais a uma linha de quatro. Então, se tiver uma sequência cada vez maior nessa função, pode ser uma opção", frisa Matheus Bachi, que acrescenta que a experiência como extremo é um trunfo extra... até como lateral: "Como tem jogado muito tempo como extremo, tem uma enorme capacidade de chegar à linha de fundo e no um para um dos dois lados do campo. Se conseguir fazer a transição ataque-defesa numa boa velocidade, pode ter vantagem, porque nem todos os laterais têm essa versatilidade."
Pepê concluiu recentemente o processo de obtenção de passaporte italiano por via das origens do pai e, ao que o nosso jornal conseguiu apurar, já terá sido sondado pela "squadra azzurra". Contudo, a prioridade do jogador portista é clara: representar o Brasil, país pelo qual já foi internacional olímpico. Vestir a camisola do Paraguai (devido às raízes da mãe), por outro lado, não entra em equação. O sonho de Pepê tem pernas para andar e, com nova convocatória para breve, a porta pode estar prestes a abrir-se. Se não acontecer já, outras chances surgirão.
Concorrência não alarma e há um recorde à vista
Analisando as convocatórias do Brasil dos últimos 12 meses, os laterais-direitos selecionados foram Emerson Royal (Tottenham), Arthur (América Mineiro), Danilo (Juventus) e Dani Alves (sem clube). O último, já com 40 anos, encontra-se até em prisão preventiva, suspeito de violação. Olhando para os outros três "concorrentes", só o ex-FC Porto Danilo soma mais tempo de jogo do que Pepê na temporada que se aproxima do fim. Arthur tem apenas 20 anos e só se vai estrear no futebol europeu na nova época, pelo Leverkusen. Já Emerson perdeu espaço com a chegada de Porro a Londres. Ainda em relação a esse parâmetro, Pepê - 4076" em 53 jogos - pode bater o recorde estabelecido em 2020, no Grémio (4215"), até porque deverá ser titular contra Vitória e Braga.