Minhotos entraram com pretensões de lutar pelo título, mas acabaram com a pior defesa dos últimos 58 anos. Reforços são cruciais
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Só oitava melhor defesa da I Liga, em igualdade com Arouca e Casa Pia, o Braga olha para os 50 golos sofridos no campeonato como o aspeto mais crítico da última temporada, ficando quase com o dobro de golos encaixados pelos três grandes e um registo pior do que Vitória, Moreirense, Famalicão e Rio Ave. O elevado número de golos sofridos foi um manifesto estorvo à estabilidade, que deixou a nu absurda permeabilidade no contexto dos recursos do clube.
Resposta defensiva dos guerreiros foi um cabo das tormentas em 2023/24, um cenário incorrigível. Os 50 golos sofridos no campeonato estiveram ao nível de 1998/99 e, então, o Braga ficava-se pelo nono lugar.
Para se encontrar tamanha defesa aos trambolhões é preciso recuar à época 1998/99, que terminou exatamente com a mesma meia centena de golos encaixados. E para se encontrar pior é necessário envelhecer 58 anos e retroceder até 1965/66, época com um pesadelo desconcertante: 64 golos sofridos.
O Braga terminou a época com 50 golos sofridos na I Liga. Para se encontrar um registo igual é preciso recuar a 1998/99. Pior só em 1965/66
Perante a gritante fragilidade defensiva em 2023/24, com a soma de 77 golos permitidos em todas as competições, a estrutura bracarense, já procurando a convergência com o técnico Daniel Sousa, traçou atempadamente um plano de aquisições que vai privilegiar, sobretudo, a linha recuada. As necessidades foram detetadas e incluem aposta em novos laterais, centrais e também médios de cobertura defensiva. A saída de José Fonte, já comunicada, abriu expressamente uma vaga, mas questões de rendimento também estarão alinhadas num reajustamento do plantel que garanta mais eficiência e alta qualificação em todas as frentes dos guerreiros.
António Salvador e Daniel Sousa planeiam com pinças a abordagem a uma nova época, que exigirá um plano adiantado de trabalho a 25 de julho, quando se espera que o Braga já meça forças contra um rival na segunda pré-eliminatória da Liga Europa. Sabe-se que a pré-época será iniciada ainda em junho, o que motivará avanços céleres no mercado.
Matheus nunca esteve tão exposto no campeonato, à mercê de uma defesa que mudou muitas vezes
Do lado direito e esquerdo da defesa estudam-se alternativas sólidas, capazes de ombrear com as titularidades expectáveis de Víctor Gómez e Borja. Para o centro é necessário um patrão, já que Fonte não o conseguiu ser, e as restantes alternativas revelaram aguda intermitência exibicional. Um central de créditos indiscutíveis é aguardado na Pedreira, ao passo que na linha média ainda falta compensar a saída de Al Musrati a meio da época para o Besiktas. Cher Ndour regressa ao PSG, ao passo que Vítor Carvalho nunca conseguiu ser contundente e constante. Soumaré entrará nas contas, vindo da equipa B, não anulando planos para ataque a um 6 que exerça em campo a dimensão da sua qualidade e estaleca.