João Dias, campeão europeu sub-17 e um ex-guerreiro, valida o apetite bracarense pelo título e elogia jovens lançados pelo clube
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O Braga recebe o Santa Clara no primeiro de três exames para defender o terceiro lugar na liga, classificação sempre especial por implicar ultrapassagem a algum dos grandes. O calendário não é fácil e própria visita dos açorianos suscita inevitáveis cautelas, já que é um adversário ainda espicaçado na luta pelo quinto lugar. Quem bem conhece o rival de Ponta Delgada é o bracarense João Dias, antigo lateral, criado no Braga, tendo sido campeão europeu sub-17, então como guerreiro, em 2003, precisamente numa geração gloriosa onde pontificava João Moutinho.
Dos 12 aos 16 anos, o agora adjunto do União de Leiria foi fiel ao seu clube do coração, mas não teve o ensejo de regressar como jogador e só saboreou os palcos da liga no Santa Clara, Académica e Boavista. João Dias saiu dos minhotos numa era em que o clube não tinha o poder negocial de hoje, nem os seus valores da formação tão bem defendidos. Salvador começara o seu reinado, mas como presidente da SAD, porque o clube tinha à frente Pedro Machado.
"Já era um Braga formador com equipas muito competitivas, que lutava pelas fases finais. Mas jogávamos em pelados espalhados pela cidade, pois não tínhamos campos suficientes. Atingiram-se bons patamares e fizeram-se bons jogadores. Da minha geração, eu, Bruno Gama, Cícero e João Pedro conseguimos fazer boas carreiras", lembra, assegurando que um ponto forte já era "a capacidade de prospeção". O reconhecimento pela obra feita nos últimos 22 anos vem à tona imediatamente. "Com a entrada de Salvador, o clube cresceu em todos os sentidos, afirmou-se como emblema de topo em Portugal, possuindo estruturas ímpares e oferecendo as melhores condições aos seus jogadores. Muitos passaram a chegar à equipa profissional, começaram a fazer excelentes vendas e a ombrear com os grandes. Isso refletiu-se em títulos e encaixes financeiros", analisa João Dias, tributando as ambições internas. "Acho que não há como travar este crescimento, porque vemos que o Braga não se contenta com o que tem e, mais ano menos ano, vai chegar ao ambicionado título. Passa por um investimento alto, tanto na formação como na equipa sénior", avalia.
João Dias não passa ao lado do que foi a época ainda vigente, aplaudindo a recuperação que colocou os guerreiros à frente do FC Porto. “Vejo um Braga em crescendo, tendo sentido dificuldades com a troca de treinador. Mas, agora, com todas as condições de terminar no terceiro lugar. Não será fácil, mas, vendo os últimos resultados e a solidez adquirida, tem tudo para fechar no pódio, e seria um belo prémio. Realço o trabalho do Carvalhal, pelo equilíbrio conseguido entre os jovens como Hornicek, Chissumba, Diego e Patrão e os experientes como Horta, Moutinho e Paulo Oliveira”, elogia o antigo lateral, vincando o dedo do técnico. "Mérito para ele, por ter unido todas as peças e diferentes formas de estar e sentir o jogo. Tem colhido frutos das apostas na formação”, evidencia João Dias, alertando para o perigo açoriano. "Será muito difícil contra o Santa Clara, um clube que está a estabilizar na liga, com uma grande época, e que já garantiu a melhor classificação de sempre. Vejo um adversário muito competente, mas ao alcance. Fico feliz por ambas as equipas, espero que uma acabe em terceiro e a outra em quinto”, conclui.