Braga e Qarabag em duelo: "É difícil dizer quem passa, é coisa de detalhes e alguma sorte"
Kasumov, o primeiro azeri em Portugal, antecipa o Braga-Qarabag desta noite (20h00) e recorda a sua passagem pelo V. Setúbal e Imortal, os muitos golos e os manjares do Sado. Nem de propósito acabou de estar no Algarve a comer frango da Guia
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É o primeiro azeri a jogar em Portugal, seguiram-se Makhmudov e Dadashov, fica quatro temporadas, entre 1997 e 2001, duas em Setúbal, onde deixa grande marca na Liga Portuguesa, e outras duas no Imortal, ajudando com muitos golos os algarvios na 2ª Divisão. A passagem de Kasumov, que jogara numa seleção jovem soviética ao lado de Mostovoi, por Portugal rende 36 golos, provando-se a qualidade de um avançado que jogara no Albacete e Bétis, após ter sido goleador do Dínamo de Moscovo.
"A minha chegada a Portugal foi uma grande experiência, vinha de Espanha. A verdade é que gostei muito, a começar pela gente de Setúbal. Receberam-me muito bem e conheci grandes colegas. Estava em casa, sentia-me próximo pelo idioma, pois vinha de Espanha. Não existiram grandes problemas, tudo correu bem com golos", recordou. "Tinha sofrido uma lesão em Espanha, corria o risco de jogar a 2.ª Divisão mas já me sentia em condições de jogar a um nível alto. Surgiu o Vitória e eu gostei dessa hipótese. Tive um grande treinador que me entendia por ter sido um grande avançado também. Falo do Manuel Fernandes. Mantive contacto com ele, um grande jogador e um grande treinador. Foram tempos muito bonitos", destacou Kasumov, que saboreou rápidas amizades e o sabor apurado da cozinha setubalense.
"Nos dias livres saíamos e comíamos juntos. Ficou um contacto mais estreito com o Hélio. Em Setúbal comia-se bem, era o choco frito, muito peixe e até aprendi a gostar de bacalhau", contou o azeri, hoje com 55 anos, promovendo para a conversa a grande vitória de Portugal sobre Espanha: gastronómica.
"Todos me falavam do bacalhau e eu não queria acreditar. Tinha comido em Espanha e não tinha gostado nada. Tudo muda quando o Amaral, o antigo avançado, me convida para comer um bacalhau em sua casa. Fez dois tipos de bacalhau e eu adorei. Converti-me imediatamente. Muito mal os espanhóis, não percebiam nada de bacalhau", lembrou em tom bem humorado Kasumov, que teve como seu convidado em Baku na festa dos 50 anos Chiquinho Conde, seu parceiro de ataque no Sado.
Nesta conversa com o antigo internacional azeri... o Braga-Qarabag foi tema obrigatório, até porque o treinador Gurban Gurbanov foi seu companheiro na seleção. E Kasumov até podia estar em Braga, mas preferiu matar saudades de amigos a manjares no Algarve. "Foi uma visita rápida para comer com alguns amigos, desta vez a matar saudades do frango da Guia. Já estou em Sevilha e tinha coisas para fazer, não pude deslocar-me a Braga", começou por explicar, antecipando o duelo entre minhotos e os seus compatriotas.
"Sei que são duas equipas que vão mostram bom futebol, são tecnicamente boas, privilegiam essa dimensão à física. Só posso acreditar num bom jogo e desejo sorte a ambas", declarou Velli Kasumov, que terminou a carreira em Portugal, conhecendo como espetador privilegiado este fenómeno chamado Qarabag.
"É a nossa equipa mais forte há vários anos, tem dois plantéis e, muitas vezes, faz a gestão de uma equipa para consumo interno e outra para a Europa. Muda muitos os jogadores mas nunca o estilo, embora existam alguns atletas que fazem muito mais a diferença que outros. Mas há uma diferença grande de qualidade do Qarabag para as outras equipas, o 2.º, 3.º e 4.º aparecem muito igualados mas o Qarabag não tem rival", acrescentou o antigo avançado do Vitória de Setúbal.
"O Braga também é muito mais forte do que no meu tempo, cada ano que passa cresce e já percebemos que têm um futebol muito ofensivo. Gosto muito do Ricardo Horta, que veio de Setúbal. São duas equipas que gostam de atacar, nem tanto de defender. É difícil dizer quem passa, é coisa de detalhes e alguma sorte", argumentou, elogiando o velho amigo Gurban Gurbanov.
"Leva muito tempo com a equipa, tem um conhecimento profundo, a longo prazo soube fazer uma equipa muito forte, não teve os melhores resultados no início mas foi fazendo o clube crescer e melhorando o grupo de jogadores. É um trabalho muito importante para o clube e para o país, porque já nos levou à Champions League", creditou.