"Bozenik percebeu que está num grande clube, muito importante em Portugal, até único"
Jimmy Hasselbaink discorre memórias do tempo em Portugal, em Campo Maior e no Bessa. Deixou um incentivo à pantera que brilha no ataque e não esquece o barbeiro Carlos. Marcou 24 golos ao serviço do Boavista em 1996/97, foi um dos grandes avançados que passou pelo Bessa e teve depois grande carreira internacional. Agora, é adjunto de Southgate na Inglaterra.
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Jimmy Hasselbaink mudou o seu destino aos 24 anos, época de 1995/96, ao trocar os Países Baixos pelo Alentejo: marcou 12 golos pelo Campomaiorense, clube do clã Nabeiro, e transferiu-se para o Boavista, onde dobrou o pecúlio. Agora é adjunto de Gareth Southgate na Inglaterra.
Despediu-se de Portugal consagrado pela conquista de uma Taça de Portugal, a última ganha pelas panteras, em 1996/97. Seria protagonista de sucesso estrondoso em Inglaterra ao serviço de Leeds, Chelsea e Middlesbrough, consagrando-se duas vezes como máximo artilheiro da Premier League e juntando 23 jogos pelos Países Baixos. Jimmy não esquece a aventura portuguesa, fulgurante e determinante para a carreira. O caçador de golos ganhou dimensão em Portugal e abriu fogo entre os melhores na distinta Premier League, conseguindo, pelo meio, encher as balizas dos rivais do Atlético Madrid na época em que passou por La Liga. Aliás, desde Campo Maior, foi sempre a arrasar. Num breve contacto, exultou ao saber que o Boavista era líder antes do despiste em Braga, e que havia outro nome a querer voar alto, como ele voou: Bozenik.
"Já percebeu que está num grande clube, muito importante em Portugal, até único, pelo qual passaram grandes jogadores, e onde outros se iniciaram ou se projetaram para grandes carreiras. Espero que o Bozenik continue a marcar, a fazer o melhor pelo Boavista", atirou Jimmy, hoje com 51 anos, atento às pretensões do Boavista em voltar a afiar garras por conquistas. Até porque saboreou uma Taça de Portugal, conservando uma mágoa.
"Esse foi o meu último jogo em Portugal. Foi uma grande vitória do Boavista, um momento especial para todos. Eu gostava era de ter começado esse jogo de início, mas não foi possível. Vencemos um troféu que foi importante para o clube e, muito especialmente, para mim, que fechei um capítulo de forma perfeita antes de partir para o Leeds", recorda o neerlandês, que ainda se cruzou com o Inter nas provas europeias.
"Passei um tempo magnífico em Portugal; foram dois anos incríveis no Campomaiorense e Boavista. Chegar ao Bessa foi um passo muito importante, abriu-me as portas dos jogos europeus, onde tivemos oportunidade de jogar contra o Inter e estar noutros jogos de grande cartaz. Joguei ao lado do Nuno Gomes, que viria a ser uma grande estrela portuguesa", testemunha, desfiando memórias.
"Não se pode falar de um só. Eram grandes individualidades que tínhamos e que deram muita qualidade à equipa. Senti que estava acompanhado de grandes jogadores. Posso falar do Nuno Gomes e Latapy, com quem tinha ótima comunicação, porque falavam inglês, mas também com o Jorge Couto isso acontecia. E havia Sánchez, que era um fenómeno. Eram todos fantásticos", precisa.
"Encontrei duas grandes lideranças, das famílias Nabeiro e Loureiro. Deixei muitos amigos no Porto, até o meu barbeiro Carlos. Foi um grande ponto de partida para mim. Ninguém esperava que chegasse onde cheguei!"
"Uma história estranha"
Jimmy, batismo de Campo Maior de Floyd Hasselbaink, resume a sua história, condutora de sonhos de outros aspirantes a chuteiras douradas.
"Como qualquer pequeno rapaz, sonhava apenas, honestamente, em ser o melhor que pudesse ser, conhecer grandes estádios, jogar para muitas pessoas, ganhar jogos e marcar muitos golos. Alcancei tudo isso, foi uma história estranha mas acho que retirei o máximo da minha carreira. Tenho muito orgulho no que fiz", exorta. "No meu país dirão que não fui o típico avançado, mas contento-me por ter sido único, muito feliz pelo que fui, confortável na minha pele, orgulhoso e agradecido a Portugal por uma grande chance. Pude mostrar-me com sucesso em Inglaterra".
Jimmy Hasselbaink e o presente excitante na seleção inglesa
Honrado por trabalhar numa das seleções mais poderosas do planeta, onde estão em alta Kane, Saka ou Bellingham, Jimmy reencontrou Southgate, seu colega no Middlesbrough. "Recebi uma grande oportunidade e estou a adorar, porque estamos rodeados de talentos, jogadores de topo. Não podia estar mais entusiasmado, há algo muito bom a acontecer. Estou com o Southgate e um staff fantástico, que tem feito um trabalho incrível. Há uma grande estrutura a apoiar uma geração de muito talento. Oxalá possamos fazer algo muito bom e ser uma força no próximo Campeonato da Europa. Mas, primeiro temos a qualificação", avisa o ex-técnico do Burton Albion.