Bozenik em estado de graça: "Dizia-lhe que o Lewandowski era o modelo a seguir"
Fúria da pantera teve sentença de "Bozo", que já trata das contas pendentes. Griga conta a história de um diamante que ajudou a moldar.
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O Boavista transcendeu-se e Bozenik deu a resposta que muitos suspiravam, após uma primeira época curta de golos. Justificou um esforço da pantera e valeu a pena. Bisou e exaltou competências, ajudando a abater o campeão nacional no Bessa.
Bozenik ergueu-se muito cedo como caso sério na Eslováquia, chegando ao Feyenoord a troco de quatro milhões.
O impacto dos seus primeiros anos, goleador fortíssimo em 2018/19, no Zilina, fazem com que já ostente, hoje, 31 internacionalizações, apesar dos 23 anos. A prova de qualidade dada frente ao Benfica teve enorme impacto no seu país e também no Canadá, em Otava, onde reside, acompanhando a mulher diplomata, Stanislav Griga, de 61 anos, avançado que defendeu a então Checoslováquia no Mundial de 1990, mas de sangue eslovaco, tendo tido oportunidade de ser o mentor de "Bozo", como técnico exclusivo de avançados.
Moldou o craque dos 17 aos 20 anos. "Treinava jovens avançados e preparava-os para o futuro. Era uma sessão por semana. Conheço-o bem desses três anos, era especial! Era um trabalho muito personalizado, com apenas três jogadores, havia tempo para cuidar dos detalhes", recorda Griga.
"Falava com o Robert das suas fraquezas e das suas forças, que residiam no aspeto físico, na intuição e num conjunto de habilidades. Faltava-lhe saber ajustar-se ao jogo. Era uma hora e meia a limar comportamentos. Foi um part-time bonito e divertido, mais ainda por ter visto a sua evolução. Sempre se destacou por ter mente aberta, aprendeu o que precisava muito depressa, trabalhando arduamente, e cheio de ambição", precisa o ex-avançado.
"Dizia-lhe que o [Robert] Lewandowski era o modelo a seguir e devia ver com atenção o Henry a definir. Era mostrar-lhe que nem sempre se pede potência, por vezes, vale mais a esperteza. Vendo estes dois golos ao Benfica, acho que está ali um pouco desse trabalho, estava atento no primeiro e não teve pressa no segundo, observando o guarda-redes", nota, aprovando o aluno.
"Guardo dele esse cariz muito amigável. Dei-lhe tudo o que pude do coração e senti que ele apreciou. Falava sempre com ele às segundas ou terças sobre os jogos, de como tinha reagido em cada lance, do que tinha errado e feito menos bem", conta Griga, muito associado à carreira de Bozenik, até porque também jogou pelo emblema de Roterdão.
"Não tive relação com a ida para o Feyenoord, mas fiquei orgulhoso de o ter visto lá. Do que sabia, ele iria para a Rússia, para o CSKA, mas depois mudou o destino. Começou bem, mas a lesão na seleção mudou tudo. Num grande clube ninguém se preocupa especialmente, são precisos novos jogadores. Ele sentiu isso, a perda de confiança do clube, do treinador e dos adeptos. O nível desceu e sentiu o mesmo na Alemanha e na primeira época em Portugal", descreve Griga, esperando que Bozenik acelere de vez parao lugar que merece. "Estou muito feliz por ele, por ter começado bem, é um bom sinal. Estou com boas sensações", avisa.
"Quando apareceu, todos acharam que estava encontrado o avançado da seleção para anos, que seria o nosso Lewandowski. Robert precisa de sentir um bom ambiente à sua volta, que pertence ao lugar. Com a confiança do treinador e dos adeptos, faz o resto. Acho que se sente em casa, gosta da cidade e vai recompensar o Boavista pela aposta", garante.