"Boavista? No futebol, já vi acontecer tanta coisa imprevista... nada é impossível"
Miguel Leal, que orientava as panteras no primeiro de dois triunfos em Arouca, considera que “nada é impossível”. O treinador alerta que não será fácil filtrar a informação do que se passará na Vila das Aves e em Faro, por isso recomenda que os jogadores se concentrem na tarefa frente aos arouquenses.
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Último classificado com 24 pontos, o Boavista terá de vencer, sábado, em Arouca e esperar que Farense e Aves SAD percam nas receções a Santa Clara e Moreirense, para competir pela 63.ª vez na I Liga. Em sete visitas ao estádio dos arouquenses, para o escalão principal, os axadrezados venceram duas vezes, empataram outras duas e perderam três. Na primeira vitória, a 21 de janeiro de 2017, eram orientados por Miguel Leal, que recorda “um jogo bastante equilibrado”, no qual “o Boavista foi mais acutilante”, contra a equipa então liderada por Lito Vidigal – curiosamente, o segundo de três técnicos que trabalharam no Bessa esta época.
Após Tomané ter inaugurado o marcador, aos 8 minutos, Idris empatou três minutos depois e, na segunda parte, “destacou-se” Iuri Medeiros, agora no Hapoel Beer Sheva, de Israel. “Foi resolvido mais no plano individual, mas a nossa equipa esteve muito bem do ponto de vista organizativo e explorou as lacunas do adversário. Deu-nos tranquilidade para o resto do campeonato, o Arouca estava bem classificado e não garantiu a permanência, também numa situação insólita”, lembra Miguel Leal, que na época seguinte (2017/18) saiu do Bessa à sexta jornada, para treinar o Arouca.
A receita para um desafio do “tudo ou nada” é simples: “Temos de dizer sempre aos jogadores que não é um jogo de vida ou de morte, mas pode definir as nossas carreiras. Também devemos pedir para jogarem tranquilos, sem pensar tanto no resultado e sim nas ações, fundamentalmente técnicas, e na qualidade de passe”, defende. O treinador, que iniciou o percurso no Régua, em 1999, e conta com uma centena de jogos na I Liga e 195 na II Liga, acrescenta ser necessário “gerir as emoções”, sobretudo por influenciarem a tomada de decisões, o que no futebol é fundamental. Miguel Leal sabe que “do ponto de vista pontual, é uma situação muito complicada” e é imperioso “conjugar muitas variáveis”. “Mas, no futebol, já vi acontecer tanta coisa imprevista... Por isso, nada é impossível”, sustenta.
Há fatores externos sobre os quais não se tem controlo, porque a informação do que se passará nas Aves e em Faro, onde competem os rivais, chegará do banco e das bancadas. “Os jogadores não ficam indiferentes ao que se passa nos outros campos. É um aspeto que pode funcionar contra”, nota Miguel Leal. “Se estivermos desconcentrados, tudo pode acontecer numa fração de segundo e, por isso, é obrigatório o foco na tarefa”, vinca, salientando que o Boavista defrontará uma equipa “tranquila, que fez um bom campeonato e é bem liderada”, por Vasco Seabra. “O trabalho de um psicólogo ao longo da época é importante para uma equipa”, salienta, considerando que “um clube de alto rendimento necessita de ter um psicólogo”, cuja experiência ajude os jogadores a lidar com a pressão emocional. “O que mais interfere no jogo é o aspeto psicológico”, sublinha. “As outras variáveis são quantitativas, mais visíveis e fáceis de avaliar”, reforça.