Estrelas de outros tempos entendem que os treinadores estão no sítio certo, por<br/> personificarem os valores de Boavista e FC Porto. Aos olhos dos adeptos, ambos têm de vencer. No contexto atual, a pressão é azul.<br/>
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Separados territorialmente por pouco mais de seis quilómetros e na história por um conjunto de troféus que têm acabado maioritariamente no lado oriental da cidade, Boavista e FC Porto voltam este sábado a encontrar-se, no Bessa, num dérbi em que os dois treinadores surgem como figuras incontornáveis.
Produtos da formação de cada um dos clubes, numa década (1990) em que a rivalidade era vivida de forma intensa, e campeões pelas respetivas equipas como jogadores profissionais, Petit e Sérgio Conceição personificam melhor do que ninguém no relvado, no banco ou na bancada o que é ser boavisteiro e portista, respetivamente.
"A união, o espírito de grupo, a luta, a mentalidade de nunca baixar os braços e perseguir os objetivos independentemente das condições em que se está é um dos grandes méritos do Sérgio [Conceição], que espelha bem a mística do FC Porto", sustenta a O JOGO José Alberto Costa, médio que representou os dragões em 200 ocasiões entre 1978 e 1985. "O Petit é a pessoa certa no lugar certo. Tem atributos que outros nunca poderão ter. Tem alma e representa a imagem do Boavista", afirma, por sua vez, Manuel Barbosa, antigo médio das panteras, detentor do recorde de jogos da história emblema axadrezado, com 381.
Estrelas de outros tempos, José Alberto Costa e Manuel Barbosa não alinham na ideia de que a rivalidade entre FC Porto e Boavista esfriou após a passagem das panteras pelas divisões inferiores. "Há sempre aquela rivalidade de um clube com menos possibilidades defrontar outro com maiores em todos os aspetos. Faz com que os jogadores se transcendam para contrariar o favoritismo", refere Barbosa, garantindo que quem passa pela formação, como aconteceu com ele, com Petit e com Sérgio Conceição, sente estes duelos "de forma diferente". "A atmosfera e o ambiente varia conforme o momento, porque há dérbis que são altamente disputados e equilibrados, que dificilmente pendem para um lado e para o outro. Mas há sempre aquele brio profissional e individual", acrescenta Costa.
Aos olhos dos adeptos, tanto Petit como Sérgio Conceição têm a "obrigação" de vencer o jogo desta noite. O contexto, contudo, coloca maior pressão nos dragões. "O FC Porto sabe que para alcançar o objetivo maior, que passa por recuperar a desvantagem para o primeiro, tem que ganhar", indica José Alberto Costa, convencido que isso até poderá jogar a favor dos azuis e brancos. "A história diz-nos que o FC Porto não costuma falhar nestas circunstâncias, em que está em situações difíceis e tem de mostrar serviço", nota, enquanto Manuel Barbosa encara este dérbi com alguma cautela. "O Boavista não tem um plantel tão rico para que os sócios possam pensar só em vitórias. Mas só por acidente será um resultado desequilibrado. O Boavista precisa de pontuar, porque não está numa boa série, mas o FC Porto é mais favorito e não pode perder pontos", sublinha.
De resto, desde que chegou ao Dragão, em 2017, Sérgio Conceição tem sido rei e senhor nos duelos entre os dois grandes clubes da Invicta. O técnico de 47 anos venceu nove dos dez que disputou - o outro acabou empatado -, sendo que o último triunfo foi já com Petit como treinador dos axadrezados. Um golo de Fábio Vieira, em março, decidiu o único dérbi disputado entre os ex-companheiros de Seleção, que chegam ao de hoje como as bandeiras de uma mística e uma rivalidade que fazem estremecer a Invicta.