Principais jovens que na época passada passaram pela segunda equipa das águias foram puxados para cima, tal como mais três dos juniores, deixando um plantel novo ainda à deriva
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O discurso interno dos responsáveis encarnados, relativamente ao desempenho das equipas jovens, continua a passar pela prioridade à evolução e desenvolvimento dos jovens jogadores, com vista a um futuro aproveitamento na equipa principal ou até faturação no mercado.
Maus resultados acumulados, números negativos... esta é uma realidade que reflete uma clara mudança de ciclo na formação dos encarnados
Isso aplica-se, por inerência, aos "bês", embora haja a necessidade de amealhar pontos que lhe permitam manter-se no mais competitivo campeonato da II Liga, algo que esta época está a assumir contornos de maior dificuldade, como se percebe pelos resultados e classificação atual.
O Benfica B está em queda livre e, depois da derrota com a Académica (1-0), na abertura da sétima jornada, baixou ao 12.º posto a três pontos da linha de descida e já com uma dezena de atraso para o topo da tabela, faltando ainda que seja disputado o resto desta ronda, o que pode agravar mais estes números.
Comparando à época passada em igual número de jogos, as águias ocupavam o segundo lugar a apenas um ponto da liderança, tendo terminado a competição no quarto posto. Além disso, os jovens encarnados, que não vencem desde 23 de agosto (há quatro jogos) e perderam nas quatro deslocações realizadas, têm revelado lacunas a defender -têm a segunda defesa mais batida (10) - e incapacidade de construção ou concretização - têm o ataque menos produtivo (4) da prova.
O plantel do Benfica B da época passada incluia um lote de nove jogadores com mais de 50 jogos de II liga pelas águias. O último onze do atual tinha apenas dois
De momento, e segundo O JOGO apurou, ainda não soaram os alarmes para os lados do Seixal, até porque já era expectável entre os responsáveis pela formação encarnada que esta seja uma temporada que encerrará dificuldades acrescidas em comparação com as anteriores. Foi assumida a mudança de ciclo, que contemplou algumas subidas ao plantel principal, tanto quando Bruno Lage assumiu o comando dos AA em janeiro como na preparação da temporada atual, mas também inúmeras saídas.
De uma época para a outra, deixaram o grupo dos bês 17 jogadores e no arranque desta ainda foram puxados mais três que chegariam dos juniores (Nuno Tavares, Tomás Tavares e David Tavares).
Optou a estrutura benfiquista por uma espécie de revolução, que passou pela formação de um plantel B com inúmeros jogadores ainda com idade júnior, de modo a prepará-los, desde já, para outro patamar de exigência. Porém, a decisão sustenta os maus resultados e, mesmo que o lugar do técnico Renato Paiva não esteja em risco, o grau de dificuldade da tarefa apresenta-se elevado.
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Números da queda do Benfica B
- Em 12.º, a 3 pontos da descida e a 10 do líder
- Ataque menos produtivo da prova (quatro golos)
- Equipa com menos golos fora (4)
- Segunda defesa mais batida (10)
- Segunda defesa mis permeável fora (8)
Renato Paiva alertou após o último jogo para a diferença que faz ter muitos jogos de II Liga
O peso da (in)experiência
O plantel do Benfica B perdeu 17 jogadores em relação ao que arrancou a época passada, mas não é apenas o número em si que complica as contas encarnadas. A grande diferença está no número de jogos de II Liga que muitos desses jovens já tinham no currículo pessoal, comparando com o quase vazio dos jogadores que representam agora a equipa.
"Quando arrancámos no ano passado tínhamos Zlobin, Pedro Amaral, Florentino, Ferro, Keaton Parks, Willock, jogadores com trajeto na II Liga, agora não temos", realçou o técnico Renato Paiva após a última derrota com a Académica.
De facto, e analisando os dados nos quadros em anexo, com o top de jogos de II Liga de jogadores que deixaram o plantel e o número dos que foram lançados no encontro do último sábado com os estudantes, percebe-se o enquadramento das palavras do treinador que foi promovido dos juniores quando Bruno Lage sucedeu a Rui Vitória nos principais.
"Aqui quando se perde a bola, acabou-se", acrescentou Paiva, entre vários avisos à navegação e que incluíram a possibilidade de trocar muitos jovens em janeiro. Refira-se que da última equipa lançada ante a Académia, apenas dois jogadores possuem mais de 50 jogos nesta divisão, enquanto que na última temporada eram nove os mais experientes.