Antevisão de Emanuel Simões, treinador do Tirsense, ao jogo primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, esta quarta-feira, no Estádio Cidade de Barcelos
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Na antevisão de um jogo histórico para o Tirsense – amanhã, às 20h45, em Barcelos -, Emanuel Simões recordou o feito do Gondomar quando foi à Luz eliminar o Benfica para a Taça de Portugal.
“Agora que a permanência está garantida, estamos preocupados em mostrar que no Campeonato de Portugal há boas equipas, que o Tirsense está vivo e tentar fazer o melhor possível neste jogo, sabendo que vamos jogar contra a melhor equipa em Portugal. Vamos tentar dignificar esta possibilidade de estar nas meias-finais por mérito próprio. A nossa responsabilidade é dar o nosso melhor”, começou por dizer o treinador da equipa da série A do Campeonato de Portugal.
Que armas tem para contrariar o Benfica?
“As armas é a humildade e é mostrar que no futebol não há impossíveis, sabendo que é complicado, mas que o futebol tem estas coisas. Nunca sabemos o resultado antes de o jogo acabar. As chances são reduzidas, mas temos algumas.”
Os jogadores necessitam de uma preparação mental especial para enfrentar uma equipa como a do Benfica?
“Prepara-se para perceberem que parar jogadores com o calibre da equipa do Benfica é não dar muito espaços. É não querer igualarmos jogadores nos movimentos e no jogo. Temos de ser humildes. Hoje, no treino, dizia-lhes que se tivermos de defender com sete em linha, defendemos. Não nos vamos subjugar e só defender, mas se quisermos dividir no um para um não temos hipótese. Noutros jogos, uma cobertura chega, neste jogo se calhar precisamos de duas coberturas. Precisamos de trabalhar mais isso. Se conseguirmos dividir o jogo assim, temos hipóteses. O Benfica também tem pontos fracos como qualquer equipa do Mundo,”
Probabilidades de apuramento
“O balneário pensa a mesma coisa que o treinador, se não pensássemos isso, mais valia não aparecer. Aparecia uma virose e não podíamos jogar. Nós temos a possibilidade de jogar uma meia-final passados não sei quantos anos [em 1970/71, também com o Benfica e a duas mãos]. O Tirsense vai jogar uma meia-final por mérito próprio, vai ser uma bandeira de uma centena de clubes do Campeonato de Portugal. Temos a responsabilidade de acreditar. Já disse várias vezes no balneário, já vi o Gondomar ganhar no Estádio da Luz, quando estava numa divisão muito baixa. Ainda agora no estrangeiro aconteceu a mesma coisa. Temos de acreditar. Se vamos conseguir? É outra história, mas vamos fazer por isso, dar bom espetáculo e só temos de estar com essa mentalidade. Se não acreditarmos, as probabilidades vêm para zero.”
Há dez anos, como treinador do Vizela, na então II Divisão B, defrontou o Sporting para a Taça de Portugal
“Vai ser parecido. Passados dez anos, as coisas não mudaram muito. Durante o jogo não mudei muito. Vendemos cara a derrota ao Sporting na altura e espero um pouco isso agora também.”
Preparação do jogo
“Foi uma mini semana. Jogámos sábado e quase não tivemos tempo de pensar no jogo. O foco era o campeonato e só depois é que pudemos pensar no Benfica. Só pudemos pensar ontem. Se não garantíssemos a permanência o meu plano era um para o jogo de amanhã, conseguindo, alterou-se. A motivação está lá. Se nos outros jogos precisamos de motivar, neste não precisamos.”
Não ser no Estádio Abel Alves de Figueiredo desvirtua o espírito da Taça de Portugal?
“Desvirtua um bocadinho o espírito da Taça. Devia jogar-se na casa dos clubes mais pequenos. Mas também ia ser prejudicial jogar aqui para nós também. Esta equipa gosta de jogar em bons terrenos e o nosso relvado não está em boas condições. O exemplo disso é o que se passou em Elvas, num relvado de I Liga. Num relvado destes íamos ter mais problemas, o Benfica é fisicamente muito forte, iam tirar mais proveito. O físico ia fazer mais a diferença. Acho que não saímos prejudicados por isso. O jogo de amanhã vai mostrar que num relvado daqueles, num ambiente daqueles, vai ser benéfico para nós.”
O que vai dizer a Bruno Lage antes do jogo?
“Acho que vai ser natural, o que sair na hora. Não tenho nada de especial para dizer, é um adversário, por muito respeito que o Benfica merece, é o número 1 em Portugal, é provavelmente o maior clube português, mas amanhã é o meu adversário. O jogo só vai estar decidido aos 90 minutos.”
Planos diferentes com e sem permanência garantida
“Disse numa conferência, se não tivesse a permanência garantida ia deixar a melhor equipa fora. Há sempre uma primeira linha e neste momentos os melhores jogadores iam ficar guardados para o fim-de-semana. Por muito que as pessoas não gostassem os jogadores com menos minutos iam jogar amanhã. Assim, posso meter a carne toda no assador. Acredito que podemos estar mais equilibrados para tentar atacar o jogo de formas diferentes, ter variabilidade maior a nível tático. Estamos a jogar com equipas de extremos do futebol português, de campeonatos profissionais e semis-profissionais: o número 1 da Liga contra uma equipa do quarto escalão que esteve a lutar pela permanência até há bem pouco tempo.”
Acredita que o Benfica fará gestão?
“Ao nível dos jogadores, sim, da forma de jogar, não. Não vão mudar a forma de jogar, mas tenho poucas dúvidas que vai utilizar jogadores com menos minutos. O Benfica vai mudar alguns jogadores. Fruto dos jogos que tiveram há dois dias, acredito que é o mais natural. Vendo o que o Benfica foi fazendo nos últimos jogos, com rodagem, amanhã vão fazer mais. Mas a segunda, terceira linha do Benfica é suficientemente forte para o que estamos a falar.”
Preparação especial
“A preparação não muda muito, o tempo foi tão curto que não permitiu alterar muito, o que tentámos fazer é mais ao nível da informação. O maior risco é os jogadores focarem-se muito no que se vê na televisão. Lá não se vê o que se vê no jogo, os espaços vazios, as dinâmicas. A preocupação foi passar informação. No campo tivemos pouco tempo para trabalhar a parte tática.
Jogo no Cidade de Barcelos
“Amanhã vai ser o Abel Alves Figueiredo e não o Cidade de Barcelos. As pessoas têm que se habituar a que se calhar merecem condições parecidas com aquelas. Vão fazer do Cidade de Barcelos a sua casa. Vão mostrar que, amanhã, Santo Tirso é em Barcelos.”