Futebol ofensivo do alemão faz com que os laterais participem muito no ataque, ao marcarem e assistirem mais. A produtividade das alas encarnadas aumentou em relação ao ano passado e é maior do que a dos principais rivais. Grimaldo é o principal responsável por esses números e, por isso, deixa um vazio no plantel.
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Numa equipa que marca 131 golos numa temporada, todos os setores são importantes para construir o jogo ofensivo, mas no Benfica de Schmidt as laterais tomaram um lugar de maior destaque quando se compara tanto com a equipa do ano passado, como com os rivais diretos. E foi por isso mesmo que, ontem, António Simões referiu, a O JOGO, a dificuldade que a SAD vai ter em encontrar um substituto para Grimaldo, já que o novo dono da ala esquerda terá de oferecer ao jogo aquilo que o espanhol fez este ano. O Benfica está no mercado à procura de um novo lateral e quem chegar deve ter um perfil parecido tanto ao de Grimaldo como ao de Bah: com os olhos postos no ataque, qualidade no cruzamento e presença de qualidade na área.
Olhando para os números desta temporada é fácil perceber a preponderância que as laterais têm no estilo de jogo do técnico alemão. Dos 131 golos que os encarnados marcaram, 14 (10,7%) foram da autoria dos laterais, somando ainda 22 assistências, o que totaliza uma participação direta em 36 golos (27,5%).
Para estes números foi Grimaldo quem mais contribuiu. O espanhol assinalou oito golos e 14 assistências, um rendimento superior ao de anos anteriores e que fazem com que a sua saída tenha um maior impacto, obrigando a procurar um substituto que ofereça o mesmo tipo de soluções. Gilberto foi o segundo lateral que mais faturou com quatro golos, mas apenas uma assistência. Números inversos tem Bah, o dinamarquês assiste mais (6) do que marca (1). Há ainda a contribuição de Ristic que em 191 minutos marcou um e ofereceu outro.
Analisando os resultados dos principais rivais e dos jogadores que atuaram na posição em análise, o estilo de jogo dos encarnados resulta num maior rendimento dos laterais, em comparação com Sporting, FC Porto e Braga (ver gráfico). Nos leões, por exemplo, em que o estilo de jogo de Amorim podia promover maior participação ofensiva nas laterais, os números são os que mais se aproximam dos encarnados (33 participações), mas são muito impulsionados pelo que foram as exibições de Porro, na primeira metade da época, e o rendimento de Nuno Santos.
No FC Porto, principal concorrente das águias na corrida pelo título nacional, João Mário foi quem mais contribuiu com oito passes para golo e um tento, seguindo-se Wendel, com dois golos e cinco assistências. Ainda assim, os laterais de Conceição representam apenas 14% da participação em golos, contra os 12,1% do Braga, totalizando apenas 13 participações diretas (10 assistências e três golos).
O futebol ofensivo apreciado por Roger Schmidt faz com que toda a equipa esteja envolvida no ataque. É um facto facilmente comprovado quando se comparam os números: em 2021/22, o Benfica marcou 112 golos, 23 deles tiveram a participação das laterais (Gilberto, André Almeida, Grimaldo e Lázaro). Este ano, foram mais 13 golos a surgirem destas posições, com um crescimento assinalável do lateral espanhol, agora ex- Benfica. São números que indicam o que o técnico alemão procura para a sua equipa e que apontam qual vai ser a base da busca pelo novo lateral esquerdo dos encarnados.