Vice-presidente e administrador da SAD renunciou já aos cargos e deixa Rui Costa com uma crise nas mãos. Encarnados informaram a CMVM da saída do até agora braço-direito do líder da Luz. Choque com outros dirigentes levou a uma posição irredutível de Luís Mendes. Presidente dá a cara nas AG de sábado.
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Luís Mendes ameaçou e cumpriu. O até ontem braço-direito de Rui Costa, que assumia os cargos de vice-presidente da Direção e da SAD do Benfica, na qual era administrador executivo, bateu com a porta e apresentou a demissão do clube e a renúncia à sociedade, comunicada já pelas águias à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “O seu administrador executivo Luís Paulo da Silva Mendes apresentou, em 12 de junho de 2024, renúncia ao cargo de Vice-Presidente do Conselho de Administração da Benfica SAD”, pode ler-se no comunicado emitido.
O choque com outros elementos dos órgãos sociais do Benfica foi de tal forma que Luís Mendes, amigo de longa data de Rui Costa, entendeu que não tinha condições para continuar, mantendo uma posição irredutível mesmo perante as tentativas do presidente encarnado, até porque Mendes manteve-se incontactável nos últimos dias.
Com um conflito aberto com os vices Jaime Antunes e Fernando Tavares, Luís Mendes tinha também divergências com Nuno Costa, chefe de gabinete do atual líder máximo do Benfica - cargo que já desempenhava com Luís Filipe Vieira - e Fonseca Santos, presidente do Conselho Fiscal. Em causa estavam, entre outras questões, o funcionamento da SAD, assim como os pelouros e tarefas distribuídos por Rui Costa a outros elementos seja da SAD seja do clube. E, segundo apurou O JOGO, além do até agora vice-presidente há mais saídas em cima da mesa, nomeadamente no departamento jurídico.
Com duas assembleias gerais programadas para o próximo sábado - a primeira com vista à discussão do modelo de aprovação dos novos estatutos e a segunda para discussão do orçamento do clube -, o ambiente promete ser quente. Até porque, apesar das ordens de trabalho em causa, Rui Costa será confrontado pelos sócios não só em relação a esta crise diretiva como também pela época em que os principais objetivos fugiram. E no caso da AG marcada para o período da tarde, relativa à questão orçamental, há outra questão: Luís Mendes, por liderar o pelouro das finanças, seria o responsável por apresentar o plano e as contas do clube. Será agora Rui Costa a escolher quem irá assumir esse papel, seja o próprio ou outro vice.
Quer clube (são agora seis elementos mais dois suplentes, Rui Passo e José Francisco Gandarez, sendo que o primeiro deverá subir para efetivo) quer SAD têm quórum para continuarem a funcionar - a sociedade tem sete elementos, enquanto a própria Comissão Executiva da mesma pode funcionar com apenas dois elementos -, mas a saída de Luís Mendes provoca uma importante baixa na estrutura benfiquista face à sua relação com Rui Costa e ao peso das funções que assumia.
Mexidas a pensar em eleições
A crise diretiva das águias será agora uma questão premente para Rui Costa tentar resolver, sendo que, de acordo com informações recolhidas por O JOGO, começou já a haver movimentações no sentido de preparar as eleições de outubro do próximo ano, mas também um eventual cenário de antecipação da corrida eleitoral, algo que poderá suceder se o ambiente aquecer ainda mais no futuro.
Quem já reagiu à demissão de Luís Mendes foi Francisco Benitez, candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, precisamente por Rui Costa. “Rui Costa está refém dos parceiros vieiristas que escolheu e alimentou. Hoje a corda partiu para o lado de quem se terá tentado opor, como sempre”, escreveu nas redes sociais, ele que lidera o movimento “Servir o Benfica”.