Águia está a mudar, mas ir à Champions é fundamental. Olhar para o passado pode motivar: o Benfica soma 23 jogos de eliminatórias antes da fase de grupos e apenas por três vezes foi afastado do caminho dos milhões. Em 2020 pelo PAOK, em 2004 diante do Anderlecht e em 2003 ante a Lázio.
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O terceiro lugar averbado na última edição do campeonato, conquistado pelo FC Porto, obriga o Benfica a candidatar-se aos milhões da Liga dos Campeões através de duas fases de qualificação, arrancando esta terça-feira, na receção aos dinamarqueses do Midtjylland.
Época passada dos encarnados também se iniciou com qualificações para a Champions, prova em que fez uma caminhada longa, até aos quartos de final.
O primeiro jogo oficial da época dos encarnados servirá, assim, para exame inicial a uma revolução que está em marcha na Luz e que, para além da mudança de muitos jogadores e do próprio treinador, tem agregada uma mudança de filosofia, com um claro olhar para o passado para projetar um futuro de êxitos.
A revolução passa também pelo próprio estilo do treinador, com o alemão Roger Schmidt a exigir que a equipa deixe a passividade na organização de anos anteriores, para assumir o jogo, com um futebol pressionante (ou mesmo sufocante), de reação imediata à perda de bola e verticalidade no ataque à baliza, muito à imagem do FC Porto de Sérgio Conceição. Depois de uma pré-época imaculada, com seis vitórias em outros tantos jogos, agora é mesmo a doer.
Plantel: águias arrancam com seis reforços e ainda dois regressos de empréstimos
São seis os reforços já contratados - Bah, Ristic, João Víctor, Enzo Fernández, David Neres e Musa -, estão mais alguns na calha e saídas também não terminaram, depois de jogadores de peso, como Darwin, Seferovic, Pizzi, Everton e Taarabt já terem deixado o convívio de um plantel principal que inclui dois regressos, Florentino e Chiquinho, e duas promoções das camadas jovens, António Silva e Diego Moreira. Em paralelo, embora continuem, por agora, no elenco, há ainda a queda de estatuto de elementos como Vertonghen e Weigl, superados, nesta fase, por Morato e Florentino, estando mesmo o médio alemão na lista de espera para ser transferido.
De Camacho a Trapattoni para terminar em Jesus
A temporada passada, também ela repleta de expectativa e ambição, terminou com as águias bem longe da liderança a nível nacional, sem troféus conquistados, mas com uma caminhada expressiva na Champions, finalizada nos quartos de final, diante do Liverpool. Esta foi uma das nove épocas em que as águias entraram em competição pelas rondas de qualificação da Liga dos Campeões e, hoje, os benfiquistas podem olhar com confiança para esse historial.
De facto, o Benfica apenas foi chumbado nestas fases em três ocasiões, sendo uma delas diferente de todas as outras porque, devido à pandemia, o apuramento discutiu-se em jogo único, com o PAOK, em 2020/21. Jorge Jesus tinha regressado à Luz, mas caiu com estrondo ao primeiro jogo, como já o tinham feito José António Camacho e Giovanni Trapattoni. O espanhol não evitou a eliminação ante a Lázio, em 2003/04, e o italiano, que até se sagraria campeão nessa época, foi afastado pelo Anderlecht, em 2004/05.
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Esta terça-feira é a vez de o Benfica de Roger Schmidt iniciar este trilho dos milhões. Mesmo se o treinador alemão apresenta um discurso em que carrega na tecla de olhar para a frente e não valorizar em demasia o passado, o historial mostra que há uma tendência a que os adeptos se podem agarrar e que, para as contas da SAD, assume uma enorme importância.
Schmidt também sob pressão: treinador do Benfica não "sobreviveu" em três das cinco fases de qualificação que já enfrentou.
Decorreu uma década desde o jogo de estreia de Roger Schmidt, enquanto treinador, num jogo de qualificação para a Liga dos Campeões e não foi de boa memória, com uma derrota ante os luxemburgueses do Dudelange e eliminação do seu Red Bull Salzburgo, da Áustria. Esta foi a primeira vez em que foi riscado da prova, mas de um total de cinco, ainda somaria mais dois desaires.
Depois da queda em 2012, pela mesma equipa austríaca não conseguiu superar o Fenerbahçe no ano seguinte, mas ainda averbou mais um momento negativo, curiosamente, diante do Benfica. Na última época, no embate com as águias de Jorge Jesus, perdeu na Luz (2-1) e empatou a zeros em Eindhoven, tendo o PSV sido afastado no play-off da Champions, já depois de ter ultrapassado Galatasaray (2ª ronda) e... Midtjylland (3ª eliminatória).
Na carreira tem ainda dois sucessos pelo Leverkusen: em 2014 eliminou os... dinamarqueses do Copenhaga, e em 2015 a Lázio. Nesta campanha atingiu o seu máximo na prova, os "oitavos", que repetiria em 2016/17, perdendo ambas com o At. Madrid.
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