Painel ouvido por O JOGO foi unânime ao discordar das opções de Bruno Lage, insuficientes para a alta roda europeia
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"Não foi por A ou B que não vencemos a partida", vincou Bruno Lage após a derrota caseira contra o Leipzig, na terça-feira, para a Liga dos Campeões.
Contra o Leipzig o Benfica bateu o recorde de formandos na equipa inicial na Champions: Jota, Rúben Dias, Ferro e Tomás Tavares (e entrou David Tavares)
Mas embora o treinador encarnado não considere as mexidas e surpresas no onze inicial a causa do desaire, o universo benfiquista - a julgar pela amostra de inquiridos por O JOGO - ficou incomodado com o que considerou ser "excesso de experiências e de confiança", em alusão à forte aposta na prata da casa ainda sem rodagem internacional.
O painel consultado pelo nosso jornal atacou não só Bruno Lage, pelas suas escolhas e por não agir alinhado com o discurso ambicioso do presidente Luís Filipe Vieira, como também a cúpula que gere os destinos do futebol pela ausência de reforços de peso.
"Parecia a equipa B. Deram o litro tirando o Jota, que não percebe que tem de largar a bola porque isto não é futsal. Não concordo que não se leve a sério ou que se façam experiências absurdas. Preferia um treinador alinhado com a importância que o presidente deu à competição. Nem se pode ter um treinador imóvel - e neste caso nem ficou no banco - que só tenta ganhar o jogo a perder com 2-0 aos 70 minutos", atirou o antigo vice-presidente encarnado João Miguel Braz Frade, que foi mais longe, exigindo uma "equipa de homens e não de meninos": "Não é Tino, é Florentino! Bruno Lage trata-os como meninos, mas se o treinador não deixa de ser menino... Em dois jogos difíceis, com FC Porto e Leipzig, levaram um baile tático."
Aposta nos jovens foi considerada excessiva e os benfiquistas ficaram desiludidos pela falta de maturidade apresentada numa prova à qual o presidente deu elevada importância
O técnico apresentou uma equipa inicial que bateu o recorde das águias de jogadores formados no clube em partidas da Liga dos Campeões, com quatro titulares da casa (Jota, Rúben Dias, Ferro e Tomás Tavares, tendo entrado ainda David Tavares), o que alguns consideraram um comportamento sobranceiro e de "falta de humildade e de respeito" pelo adversário... e pela prova, como frisou o também ex-vice encarnado José Capristano: "O Benfica esteve em nove finais europeias, tem grande prestígio que estamos a deitar fora de forma inglória."
Outra expressão muito utilizada foi a da "falta de maturidade", com os inquiridos a não perceberem como não jogaram os melhores. "Entraram Rafa e Seferovic e foi logo diferente", recordou Braz Frade. Já o antigo candidato à presidência do emblema, Bruno Costa Carvalho, destacou a "incapacidade europeia", designando a equipa como apenas apta para "consumo interno" e o clube com gosto pela promoção de talentos na grande montra da Champions.
Fenómeno Ajax nas "meias" é... irrepetível
Em 2018/19, com uma equipa recheada de "miúdos", o Ajax esteve à beira de se qualificar para a final da Champions, demonstrando que é possível fazer boas prestações com a irreverência e juventude da prata da casa (tal como o Barcelona fez durante anos), mas Bruno Costa Carvalho defendeu que não é um exemplo a seguir pelas águias, sob pena de se verificarem mais desaires.
"O êxito do Ajax há um ano acontece em 20 anos, por isso as equipas investem em jogadores de peso. O Benfica, com as receitas de vendas, devia ter três reforços de peso", explicou. Refira-se que, a ganhar a rotina de entrar em falso na prova, o Benfica não passou da fase de grupos nas últimas duas participações, que coincidem com o "boom" da formação.