Entre os quatro primeiros da liga portuguesa, o Benfica é a equipa com pior percentagem de golos aéreos permitidos, 23,3 por cento. Sporting, FC Porto e Braga estão, nesses lances, em melhor plano.
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Na meia final da Taça da Liga disputada em Leiria, o Braga expôs, em dois lances fatais, a fragilidade defensiva do Benfica pelo ar, uma debilidade que, na presente temporada, já custou aos encarnados sete golos num total de 30 concedidos nas várias provas.
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Ou seja, 23,3 por cento dos golos sofridos pelas águias nesta época, quase um quarto dos mesmos, derivaram de cabeceamentos bem sucedidos, num registo que é o pior de entre as quatro equipas que encabeçam a classificação do campeonato nacional: o Sporting concedeu três pelo ar (17,6 %), o FC Porto quatro (15,4 %) e o Braga apenas dois (7,1 %).
Foi pelo telhado que na noite de quarta-feira passada Abel Ruiz e Tormena, ambos bem servidos por passes de Ricardo Horta, superaram a defensiva encarnada no futebol aéreo e bateram Helton Leite. Dois golos que pesaram de forma determinante na balança de quem, amanhã, iria discutir com o Sporting a final da Taça da Liga. Curiosamente, já na temporada passada mas para a Liga, os minhotos haviam derrubado as águias na Luz também à cabeçada: na altura, um canto de Sequeira foi direito ao "cocuruto" de Palhinha, que não perdoou e fez o tento do triunfo do Braga.
Até ao momento, Sporting (17,6 %), FC Porto (15, %) e Braga (7,1 %) têm conseguido ser mais eficientes do que o Benfica a evitar golos de cabeça dos adversários
De volta à temporada atual, o segredo dos telhados de vidro dos encarnados já haviam sido descobertos antes dos pupilos de Carlos Carvalhal. Para a Liga, o Benfica sofreu assim golos de Farense (Jonatan Lucca), Santa Clara (Fábio Cardoso) e Portimonense (aqui de forma azarada num autogolo de Gilberto). Na Liga Europa, Ishak, do Lech Poznan, e Raskin, do Standard de Liège, também haviam descoberto o caminho aéreo para as redes do Benfica.
Em termos comparativos com 2019/20, o Benfica em versão Jorge Jesus segue em linha, no que a golos sofridos de cabeça diz respeito, com o de Bruno Lage e Nélson Veríssimo. Em 54 tentos permitidos na época anterior pelas águias, 12 foram de cabeça (nove nas provas nacionais, mais três nas da UEFA), o que representa 22,2 por cento do total. O que quer dizer que, ainda que marginalmente, os 23,3 % até ao momento da equipa de Jesus, são um registo também pior do que o da gestão passada.
Pior de Jorge Jesus desde 2007/08
O desempenho defensivo do Benfica nesta temporada tem estado abaixo daquilo que foi o habitual das equipas de Jorge Jesus ao longo dos tempos e já permitiu golos em 59,3 % das 27 partidas disputadas. E, quer seja pelos jogadores ao dispor, das dificuldades do técnico em passar a mensagem sobre processos defensivos ou pelas limitações provocadas pelas infeções de covid-19 no plantel, o técnico das águias apresenta hoje a pior média de golos sofridos por partida desde 2007/08, quando treinou o Belenenses. Aí, o treinador viu a sua equipa sofrer 39 golos em 34 jogos, fazendo uma média de 1,2 sofridos por partida enquanto que agora, no Benfica, essa média está nos 1,1 (FC Porto tem 1 por jogo e Sporting 0,8).
É por muito pouco, mas atual registo de 1,1 golos sofridos por jogo é mais negativo que o dos rivais
Este valor apenas fora igualado por Jesus à frente dos encarnados em 2010/11, onde o Benfica sofreu 61 golos e, tirando a conquista da Taça da Liga, se viu cair à beira da praia em todas as restantes competições: segundo na Liga, eliminado na Taça de Portugal e batido na Supertaça, sempre pelo FC Porto. Na Liga dos Campeões, as águias de Jesus caíram na fase de grupos para, na Liga Europa, serem travadas nas meias-finais pelo Braga.