Ricardo Nunes, guarda-redes do Varzim, inspirou-se numa partida da Taça de Portugal contra o Benfica para ajudar a eliminar o Sporting na terceira ronda da prova.
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"Berço de heróis, de bravos marinheiros". Esta mensagem, que marca o início do hino do Varzim, poucas vezes encaixou tão bem como agora, na jornada épica que se traduziu na vitória sobre o Sporting, na Taça de Portugal, isto contando que os poveiros, na Liga 3, derrubaram um grande.
Foi a segunda vez que o conseguiram na competição, sendo que a primeira, em 2007, aconteceu sobre o Benfica, por 2-1, nos oitavos de final. Denominador comum: o guarda-redes Ricardo Nunes, 40 anos, um jogador da casa e a maior figura do plantel, que defendeu a baliza nos dois triunfos que proporcionaram "momentos fantásticos".
"Claro que esse jogo me passou pela cabeça, porque foi muito marcante na carreira. O mediatismo dessa vitória fez com que tivesse mais visibilidade, fizesse melhores contratos e melhorasse a minha vida, algo que os jogadores da equipa atual também estão à procura e que esta vitória com o Sporting pode trazer", vincou o guardião poveiro, que na altura rendeu uma verba ao clube ao ser transferido para a Académica.
"O Varzim tinha descido há pouco tempo da I Liga e estava a passar uma fase financeira complicada, virando-se para a formação. Acabámos o encontro com dez jogadores formados no clube, incluindo o meu primo Luís Neto (atual jogador do Sporting), que se estreou nesse jogo, vivendo o momento com muita mística", lembrou.
Desta vez, por diferentes razões, principalmente porque viveu recentemente uma tremenda desilusão com a descida do Varzim à Liga 3, este êxito contra os leões foi igualmente "forte no plano emocional" e só foi possível graças ao "espírito fantástico que a equipa mostrou". "Fizemos a diferença na crença e na coragem, não só defendendo, mas também conseguindo ter bola e sendo audazes para acreditar que era possível. Muitos jogadores nunca tinham defrontado um clube grande e, com o mediatismo nos dias anteriores ao jogo, podem ter sentido alguma ansiedade, mas a mensagem que nos passaram foi sempre de que era possível acreditar. O Sporting não está a passar um bom momento e teríamos hipóteses se o jogo não se resolvesse cedo se fôssemos iguais ao que temos vindo a fazer", explicou o guarda-redes, que até não teve de fazer defesas muito complicadas. "Esse tem sido um dos segredos desta época. Sofremos apenas dois golos em oito jogos. A equipa defende muito bem, é unida e forte sem bola, o que ajuda muito o trabalho do guarda-redes", completou quem tenta "fazer valer a experiência para ajudar " os mais novos.
Ricardo Nunes ganhou uma Taça de Portugal, ao serviço da Académica, curiosamente frente ao Sporting, em 2012, mas, pelo menos para já, não pensa em repetir o feito pelo clube de coração, ainda que "se o Varzim tiver um bocadinho de sorte no sorteio, o sonho pode começar a formar-se", disse.
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