O Cova da Piedade, 47 anos depois, prepara-se para voltar a receber o Benfica num estádio que até esteve no centro de uma divergência entre SAD e clube.
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47 anos depois, o Benfica regressará ao reduto do Cova da Piedade. O duelo de sexta-feira é encarado pelos responsáveis dos almadenses como um marco importante na história do clube e coloca um ponto final num longo jejum, no mesmo ano em que a utilização do Estádio Municipal José Martins Vieira esteve em risco no arranque da época.
No verão passado, divergências entre o clube e a SAD deram que falar no arranque das provas nacionais, com a Direção a proibir a utilização das instalações por parte da equipa principal e dos sub-23. Em causa esteve uma alegada dívida da administração, que forçou a abertura de um dossiê que só ficou resolvido a poucos dias do arranque da II Liga, após várias reuniões com intervenção da FPF e Liga de Clubes, com ambas as partes a chegarem a um acordo que acaba agora recompensado com uma visita histórica do campeão nacional.
Diretor-geral da SAD almadense afirma que receber a festa da Taça de Portugal foi sempre o objetivo, mesmo que para tal a administração tivesse de abdicar de um maior encaixe financeiro
Edgar Rodrigues, diretor-geral da SAD almadense, enalteceu a O JOGO a importância do duelo de amanhã. "É um jogo especial para nós porque o Benfica visitou-nos há 47 anos e desde então que os encarnados não jogam no reduto do Cova da Piedade. Desde que soubemos do sorteio, a administração e principalmente o presidente fizeram questão de trazer a Taça de Portugal para a Cova da Piedade para que possa ser feita a festa", disse, lembrando que a SAD abdicou de uma maior receita para a equipa jogar em casa: "Quisemos dar esta prenda aos nossos sócios e adeptos. Se fosse pela parte financeira, teríamos optado por jogar num estádio com maior capacidade. No nosso estádio, temos uma lotação de 2200 pessoas, que, para o Benfica, esgotou em horas. Talvez daqui a 50 anos ainda se fale deste jogo, como hoje estamos a falar da última visita há 47 anos."
Em 2017/18, os piedenses receberam o Sporting no Estádio do Bonfim, um cenário que desta vez a administração afastou de imediato. "Entendemos que a festa da Taça tem de ser feita na terra do clube visitado", disse o diretor, que deixou uma promessa: "Prometo aos sócios e adeptos que estaremos cá para dignificar a camisola do clube. A noite perfeita seria não haver confusão nas bancadas, com o jogo a decorrer de uma forma tranquila e mais perfeito seria se terminasse com uma vitória do Cova da Piedade", afirmou.
Sem tempo para "pedir" a estreia
Dita a tradição da Taça de Portugal que, inúmeras vezes, os clubes de I Liga entreguem a receita ao adversário visitado de escalão inferior, hipótese que ainda não foi conversada entre piedenses e encarnados. "Ainda não nos sentamos para falar sobre isso. Tivemos jogo para o campeonato no domingo e desde então estamos em contrarrelógio para ter tudo pronto para o duelo da Taça de Portugal", explicou Edgar Rodrigues, diretor-geral do Cova da Piedade, que, como os jogadores, reconhece o favoritismo dos encarnados mas sem atirar a toalha ao chão. "Sabemos que estamos a falar de realidades completamente diferentes, porque o Benfica é o campeão nacional e tem a dimensão que todos conhecemos e o Cova da Piedade é uma equipa de II Liga, com uma dimensão diferente. O Benfica é favorito, mas nós vamos agarrar-nos às nossas possibilidades, por poucas que sejam", garantiu ainda Edgar Rodrigues.