Simon Banza atingiu os 11 golos na época com uma acrobacia majestosa. Técnico campeão no Luxemburgo pelo Dudelange, Fangueiro era coordenador do Pétange, onde Banza alcançou o melhor registo de golos na carreira, mas dificilmente um tão brilhante.
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Vitinha partiu para Marselha e muito temor se instalou se haveria resposta à altura dentro do plantel para apagar prejuízos da perda do melhor marcador da equipa. Ninguém chegou, muito em razão da confiança reinante em Abel Ruiz e Simon Banza.
Sobre o francês, que havia assinado 17 golos pelo Famalicão em 2021/22, pesavam incertezas, após ter estado 14 jogos sem faturar, convocando críticas e desconfiança. Mas também respondia pelos créditos de um arranque fulgurante: cinco golos nas primeiras quatro jornadas.
A última versão de Banza reaproximou-o deste diálogo inspirado com o golo. E uma bicicleta estrondosa frente ao Rio Ave foi a brilhante assinatura dessa redenção. Uma ode à agilidade e coordenação. Quem conhece esse faro, essa visão implacável das redes, é Carlos Fangueiro, o português que fez o Dudelange campeão luxemburguês em 2021/22, mas que era coordenador-técnico do Titus Pétange quando lá apareceu Banza, em 2017/18, com 21 anos, cedido pelo Lens. Já aplaudira os desempenhos do francês em Famalicão, agora ficou estarrecido, assim como o pequeno Grão-Ducado.
"Aqui há sempre eco quando ele marca! Passou por cá, atingiu um nível alto e isso gera ênfase, expectativas e sonhos para muitos jogadores da nossa liga. O golo de bicicleta foi fantástico, de técnica incrível e forte convicção. Tem motivado conversa", partilha Fangueiro, bem próximo dos altos e baixos de Banza em Braga: "Nunca duvidei do potencial, das qualidades técnicas, físicas e mentais. Não há jogador que comece um campeonato e o acabe sempre em plena forma. Perdeu a titularidade, mas não deixou de trabalhar sempre com muito empenho, dedicação e exigências para recuperar o posto entre os titulares", defende o técnico do Dudelange, que construiu um afeto com o artilheiro de 26 anos, decifrando uma personalidade inconformada. "Ele aqui marcou mais de 25 golos numa época, mostrou caráter e era exigente, pedia para fazer trabalho específico de finalização, apurava movimentos de ponta-de-lança, atacava muito bem ao primeiro poste. Hoje faz isso em Braga com sucesso", declara Fangueiro, orgulhoso do regresso de Banza ao Lens.
"Comigo foram muitos sorrisos, muita conversa e muitos conselhos. Podia ter chegado mais cedo a Portugal, cheguei a propô-lo a clubes, mas era julgado por competir no Luxemburgo. Assim continua a ser...", ironiza e lamenta Carlos Fangueiro.
"Monstro" que teimava treinar o golo pela noite dentro
Fangueiro analisa o rendimento de Banza, cinco golos marcados, um por jogo, em cada uma das últimas cinco vitórias minhotas na Liga, numa influência também associada à saída de Vitinha. "Mesmo com ele, o Banza foi protagonista em jogos importantes, fizeram uma boa dupla e completaram-se dentro da estratégia", conta, adivinhando mais noites vistosas e grandiosas.
"Está num grande clube, mas pode dar ainda mais. Melhorando a eficácia, está destinado a voos maiores", sustenta Carlos Fangueiro. "Comigo, ele queria mais e melhor, ficava a treinar finalização pela noite até às 22h30. Era um monstro! Eu tinha de lhe dizer "Simon, já chega, vamos para casa!""