Babanco está nos leirienses há três épocas e acredita que, à terceira tentativa, a subida de escalão será consumada. O médio cabo-verdiano faz parte do lote de capitães do U. Leiria, clube com o qual tem mais um ano de contrato. A atravessar a melhor fase da época, com cinco vitórias, a equipa está pronta para a luta.
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Babanco está há 13 anos em Portugal, depois de ter sido descoberto em Cabo Verde pelo Arouca. Seguiram-se passagens por Olhanense, Estoril, AEL Limassol (Chipre), Feirense e Chaves, antes de assinar pelo U. Leiria, onde o projeto de subida o seduziu. Há três anos a tentar esse objetivo, o médio acredita que será desta vez, isto depois de ter sido conseguida a primeira meta, que era a qualificação para o play-off de subida.
O U. Leiria garantiu a fase de promoção e, tal como no ano passado, muito possivelmente no primeiro lugar. Já esperavam isto?
-A primeira fase foi boa, embora no início tenhamos tido momentos menos bons, com quatro ou cinco jogos sem ganhar, mas o grupo foi forte, esteve sempre focado, concentrado no objetivo e acabámos por ultrapassar esse momento. Conseguimos o apuramento e estamos numa boa fase.
A equipa vai no melhor momento da época, com cinco vitórias seguidas. Está pronta para atacar a fase decisiva da época?
-A equipa está focada e a trabalhar jogo a jogo para atingir o nosso objetivo, que é, desde o início da época, subir divisão. Não vamos baixar a guarda. O U. Leiria e a cidade merecem que o clube esteja na II Liga. Pela história, este clube merece estar nas ligas profissionais e, mais cedo ou mais tarde, vai lá estar.
O U. Leiria é um dos grandes favoritos a chegar à II Liga?
-As outras equipas também têm bons jogadores, têm objetivo de subir e só temos de nos preocupar connosco. Depois fazem-se as contas. O Alverca investiu bem, o próprio Varzim, o Felgueiras também tem uma boa equipa. Todas as que passarem à próxima fase são favoritas a subir. No ano passado as coisas não correram tão bem na fase decisiva, mas acho que este ano temos uma equipa mais madura.
Está no U. Leira há três anos. O que o levou a escolher este clube? Está a gostar da experiência?
-Gosto muito de estar aqui. Os adeptos e a Direção acolheram-me e sinto-me em casa. O U. Leiria já faz parte da minha família e vou fazer de tudo para que possa dar uma alegria aos adeptos e às pessoas da cidade. Apresentaram-me um projeto bom, de subida de divisão e esta foi a melhor escolha que fiz, porque quero voltar a jogar nos campeonatos profissionais. Tenho a certeza que vou conseguir isso aqui.
Aos 37 anos, é o segundo mais velho do plantel, seguido de Mateus, com 38. Ainda consegue exibir-se a um nível alto?
-Sinto que estou preparado para jogar numa II Liga. Todos os dias faço do treino um jogo. Nos jogos em que participei, nunca duvidei da minha forma física, embora tivesse algumas lesões no início da época, mas isso faz parte. Sou o terceiro capitão, depois do Diogo Amado e do Kaká, e os conselhos que passo aos mais novos é que temos de fazer do treino o nosso trabalho, a nossa vida.
Que relação é que tem com o Mateus?
-Falámos o básico, mas sempre que temos oportunidade, falámos. Quando ele chegou, estivemos a conversar, porque ele já teve uma subida na época passada [Torreense] e é um exemplo para os mais novos, para mostrar como tudo é possível. Com 38 anos, o Mateus fez uma excelente época e foi o melhor jogador da Liga 3.
Como projeta o fim da carreira?
-Não gosto de fazer planos a longo prazo, tenho mais um ano de contrato com o U. Leiria e a minha vontade é continuar por muitos anos. Estou a pensar viver cá quando terminar a carreira, é uma cidade muito estável.
Como é ter um treinador mais novo a dar-lhe indicações?
-É um treinador que tem muita vontade de ganhar. É bastante comunicativo. Não falámos muito disso; sei que sou mais velho, mas há respeito mútuo, não é por causa das idades que o tratamento será diferente. Sou igual aos outros. A equipa técnica dá-nos todas as ferramentas para trabalhar da melhor forma.
Como se define como médio?
-Dou tudo, deixo o sangue lá dentro pela equipa e pelos jogadores. Sou muito comunicativo, agressivo, tecnicamente evoluído, bom no jogo aéreo e no passe curto e longo.
O motivo da alcunha, a Liga Europa e a experiência com Conceição
Élvis Macedo, que é conhecido por Babanco, explicou o motivo da alcunha, que vem de Cabo Verde. "Quando tinha uns nove anos, fui à praia com uns amigos e cheguei atrasado a um jogo; o treinador mandou-me para o banco e chamou-me Babanco, que é em crioulo. Na altura, fiquei triste, mas a alcunha ficou", contou o médio, que viveu no Estoril a melhor fase da carreira, quando disputou durante duas épocas a fase de grupos da Liga Europa, com Marco Silva como treinador.
Antes disso, o Arouca foi o clube que lhe abriu as portas em Portugal, ao qual se seguiu o Olhanense, onde se cruzou com Sérgio Conceição. "Já aí se notava que conseguia espremer tudo dos jogadores e ia chegar longe", revelou o médio, acrescentando que no Feirense realizou a pior época (2018/19), com apenas três vitórias e a descida de divisão.