Augusto César Lendoiro, ex-presidente do Deportivo: "Pinto da Costa é um fenómeno"
Antigo dirigente máximo do clube da Corunha deixou mensagem no Porto Canal no dia em que Pinto da Costa cumpre 40 anos como presidente do FC Porto
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Relação com Pinto da Costa: "Foi muito bonito, porque a minha relação com Pinto da Costa começou no hóquei em patins, entre o Liceo [da Corrunha] e o FC Porto. Naquele momento, o Liceo era superior e foi aí que conheci os dois Pintos: Pinto da Costa e Ilídio Pinto. Eram grandes amigos e sempre nos demos muito bem, resultados à parte. A relação foi sempre muito cordial e, naquela época, o Liceo ganhava muitas vezes, mas nunca conseguimos contratar o Vítor Hugo, o grande jogador do FC Porto naquela época. O Vítor Hugo nunca foi jogador do Liceo e acabámos por senti-lo e também por sofrer. A relação entre o FC Porto e a Corunha, primeiro com o Liceo e depois com o Deportivo, foi sempre muito boa em todos os aspetos. Tanto lá como aqui, foi sempre excecional."
Ajuda do FC Porto: "Comecei em 1988 no Deportivo, na II Divisão e não tínhamos qualquer capacidade financeira. Por isso, fui pedir ajuda ao meu amigo Pinto da Costa. Reunimo-nos e acordámos que nos cedesse um jogador que nos desse bons resultados. Um rapaz excelente em vários aspetos, futebolística e humanamente, que era Raudnei, um avançado brasileiro. Veio para cá, mas só a troco de 25 milhões de pesetas [cerca de 150 mil euros], que para o Deportivo era quase um mundo."
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Meia-final da Champions, em 2004: "Os momentos mais difíceis para mim foram no futebol e não no hóquei, com aquela excecional meia-final da Champions. Para um clube como o Deportivo, de uma cidade com apenas 250 mil habitantes, pensar que podia chegar à final se pelo meio não aparecesse o Mourinho... A verdade é que foi o Deportivo que teve essa grande possibilidade de jogar com o FC Porto. Acredito que foi o Mourinho que nos ganhou essa batalha e que Pinto da Costa também jogou um papel importante."
Presidente no banco: "Pinto da Costa sentava-se no banco do FC Porto. Em Espanha era impossível pensar que o presidente podia sentar-se no banco. No almoço da meia-final [da Liga dos Campeões] no Porto, mostrou-me um álbum enorme de fotografias deles e de mim que não conhecia para que as autografasse no meio do almoço."
Pinto da Costa colocou Norte na órbita: "Em Portugal, naquela época, era sempre o Benfica, como em Espanha era o Real Madrid. O Benfica ganhava tudo e acredito que ele colocou o Norte de Portugal em órbita, não só do ponto de vista desportivo, mas também do económico. Deu a entender que Portugal é muito mais do que Lisboa. Visto desde a Galiza, desde Espanha e do futebol, essa foi a grande força que Pinto da Costa acrescentou ao futebol português, ao futebol europeu e a toda a Península Ibérica, porque mostrou-nos a todos que, se o FC Porto conseguiu, por que motivo a cidade da Corunha também não conseguiria."
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Mensagem final: "Ele pode ser considerado o Gardel do futebol em Portugal, na Europa e, talvez, até no Mundo. Vinte anos não é nada. Quarenta também não. Importante será o dia em que celebremos os 50 anos [de presidência]. Mais dez anos, portanto. Seria bom assinar já, porque seria um bom sinal. Seria sinal de que continuaríamos por aqui. Pinto da Costa é um fenómeno e, por isso, temos de celebrar e homenagear este dia. Pinto da Costa, quase, quase o máximo do Mundo."