Programa Juízo Final, da Sport TV, analisou casos dos seis primeiros da I Liga e não só
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Possível penálti sobre Debast assinalado e depois cancelado em lance que acabaria em golo de Trincão, aos 77':
VAR: "André, sugiro que venhas à zona de revisão para cancelar o penálti, OK? Posso? O jogador não o atinge e ele deixa-se cair. Vou mostrar outra câmara em que vês o jogador a arrastar o pé antes do contacto."
Árbitro: "Ele não lhe atinge a ponta da bota?"
VAR: "Não, olha ele a arrastar o pé para se deixar cair... Se quiseres mostro-te outra vez de frente."
Árbitro: "Vou cancelar a decisão do penálti."
A opinião de João Ferreira: "Esperar a finalização são as instruções. Ter apitado pode ter contribuído para os jogadores pararem. O guarda-redes também parou... Provavelmente o desfecho depois até seria o mesmo. Com apito a seguir o jogo está interrompido. A não ser que seja uma situação de cartão vermelho. Um penálti que não foi penálti e que impede um golo gera desconforto e também não gostámos muito. O que se pedia era que o André atrasasse o apito. Parece haver uma infração do defensor, mas não há nenhum fato que prove a infração. O atacante encolhe-se e acaba por cair em cima do defensor. Enquanto árbitro, posso confidenciar que também sofremos com os nossos erros. Quando erramos e não temos a intervenção do VAR para nos corrigir, sofremos com isso. E o André sofreu, não ficou nada feliz com esta decisão, com o impacto no resultado. Mas temos de olhar para o próximo jogo com a mesma responsabilidade."
Penálti sobre Maxi Araújo, aos 83', revertido no Sporting-Santa Clara
Eis o que foi dito no diálogo entre Cláudio Pereira e o VAR:
VAR: "Daqui VAR. Cláudio, peço que venhas à zona de revisão para cancelar o penálti, o guarda-redes joga a bola."
Árbitro: "Joga claramente a bola..."
VAR: "Vamos preparar a comunicação."
Árbitro: "Sim, após revisão o guarda-redes não comete infração."
"Naturalmente, o árbitro não ficou muito feliz por ter errado. Estamos a falar de um jogo intenso. O árbitro não seguiu o sinal que costumamos seguir, de que a bola muda claramente de direção, sinal que o guarda-redes jogou a bola. Mas isso nem sempre significa que não haja infração. Foi um choque natural. Não há nenhum facto que prove infração. Há, na verdade, um contacto nas pernas do atacante, mas se ele [Cláudio Pereira] se focasse só na bola, percebia que o guarda-redes joga só a bola. Pode ser uma questão de foco no momento em que há a disputa. Faz parte da tomada de decisão. O Cláudio estava bem colocado, a sua linguagem corporal é muito assertiva e estava muito convicto na tomada de decisão. Mas também percebeu que se equivocou", afirmou João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.
Lance aos 73': penálti de Pepê invalida golo de Samu
VAR: "Luís, sugiro que venha à revisão para um penálti na área do FC Porto. OK, o braço está fora do corpo, em volumetria."
Árbitro: "Penálti. Qual é a mão que bate?"
VAR: "É a esquerda."
Árbitro: "Aqui."
VAR: "Posso mudar."
Árbitro: "Isso, essa é perfeita. Diz-me o jogador."
VAR: "É o Pepê, número 11."
A opinião de João Ferreira: "Este é capaz de ser dos lances mais difíceis que tivemos enquanto já houve VAR na I Liga. É o único que há um incidente numa área e, logo a seguir, há golo noutra. Já aconteceu em termos internacionais. Não é muito comum porque garantir esta velocidade em 100 metros, só com uma equipa com grande competência como foi o FC Porto, esta transição resultar em golo. O VAR tem de voltar atrás e foi o que se passou. É um lance que fará história no nosso futebol. Um golo anulado e um penálti na outra área. As imagens não são felizes por vários motivos. Ele não quer levantar o braço. Depois os fundos são escuros e não se percebe bem a posição do braço. Mas há um pormenor em que se percebe que o braço está afastado do corpo. Levou o Tiago a chamar o Luís Godinho e fez essa intervenção. Nós enquanto CA, analisando com maior detalhe e perceber a dinâmica da jogada, percebemos que o VAR tem razão, o braço está afastado e interceta a bola, mas as imagens que temos do VAR não são muito abonatórias para a decisão final. A decisão final foi a que veio trazer a verdade desportiva."
V. Guimarães-Nacional: penálti mantido, apesar do VAR, aos 18'
VAR: "O movimento começa aqui, na tentativa de agarrar, mas ele nunca agarra. Ele faz o gesto, mas nunca agarra. Aqui consegues ver. Ele tenta agarrar João. Mas não vês a agarrar".
Árbitro: "Mas eu digo puxar, este movimento aqui no braço. Vejo este aqui no braço."
VAR: "Se achas suficiente."
Árbitro: "Em velocidade. É toque."
VAR: "Corre e tem jogador ao lado. Analisa a falta."
Árbitro: "Este braço, vê aqui de frente. É o que vejo."
VAR: "Ele arrasta o pé. Não é isso (o braço) que impede de continuar o movimento. Ataca a camisola e ela não estica."
Árbitro: "Mas não vai lá com a mão? Desequilibra-o."
A opinião de João Ferreira: "O princípio do VAR não é tentar convencer ou mover o seu colega para um decisão. Tem de mostrar os factos, as imagens, e o decisor será o árbitro. O Hélder, ao perceber que o João ia manter a decisão, estava convicto de que não havia infração. Tentou dar todas as pistas para que o João revertesse a decisão. Falou-se no pé... O Hélder persistiu um pouco mais do que aquilo que se espera porque tinha clara convicção que o seu colega ia cometer um erro. Mais tarde, o João admitiu que devia ter mudado a decisão. O que se esperaria era isso, que cancelasse o penálti."
Benfica-Estoril, possível penálti aos 48' é revertido
VAR: "Aconselho-te vires à zona de revisão para cancelares o penálti. Há ausência de toque, o avançado é que toca no defesa. É o único toque que há. Ele abre a perna."
Árbitro: "Ele abre a perna. Vamos cancelar o penálti."
A opinião de João Ferreira: "O defensor acaba por utilizar o braço numa zona morta e o árbitro não consegue perceber o que se passou. O defesa do Braga atinge a face do atacante e é por aí que o VAR chama o Bruno Vieira. Assinalou e bem penálti. O importante neste momento é que haja aquilo a que chamamos paz, serenidade. E se as pessoas que estão no banco, próximos da zona de revisão não ajudarem neste processo, corremos o forte risco de não trazer a tal transparência ao futebol. Não há uma evidência e há dois incidentes consecutivos na área. Primeiro o atacante pára e pede uma infração e a seguir acontece um episódio junto à linha. O defesa do Braga usa o braço e atinge a cara do atacante."
A opinião de João Ferreira, vice-presidente do CA: "Com esta imagem de um jogador a tropeçar no outro não há outra decisão possível. Aqui, a bola não muda de trajetória. Na análise de infrações, temos de interpretar a ação do defensor. E se olharmos para ele, está a correr de forma totalmente natural. E o atacante acaba por tropeçar na perna do defensor. Apesar de ser um lance muito difícil, aqui o VAR teve a capacidade de detetar o porquê de o atacante cair. Não há aqui nada que se materializasse na infração do defensor. Mudou a decisão e bem."
Nacional-Moreirense, lance de penálti aos 64'
VAR: "Vai ao Var, o defesa não joga a bola e é pontapé na bola. É sobre a linha."
Árbitro: "OK."
VAR: "Este é o ponto de contacto, vou andar para a frente e para trás. O avançado joga de cabeça e leva com o pé na cara."
Árbitro: "Pára no momento. Anda, anda para a frente."
O árbitro depois anunciou a decisão final: "Após revisão, o jogador número 5 não comete falta. Decisão final, nada".
Penálti assinalado aos 68' graças ao VAR
Farense-Gil Vicente: possível penálti aos 64' não atendido pelo árbitro
VAR: "Peço que venhas à zona de revisão para veres um penálti por mão na bola. Como podes ver, os braços estão atrás das costas, mas ele faz um movimento adicional."
Árbitro: "Para mim, é um movimento totalmente natural. Mantém os braços atrás das costas, não olha para a bola, isto para mim é uma posição natural. Vou manter a decisão."
A opinião de João Ferreira: "Claramente o VAR precipitou-se. Dizemos que os jogadores não têm de andar com os braços atrás das costas, não faz sentido que o façam. O que acontece muitas vezes é que por uma questão de proteção, para evitar um instinto, têm a tendência a colocar os braços atrás das costas. Foi exatamente o que se passou. Não há matéria para que o VAR pudesse dizer que há infração. Porque não há."
VAR: "Gonçalo, aconselho-te a vires à zona de revisão para veres um possível penálti por mão na bola. Antes do fora de jogo, no momento em que o Aderlan cabeceia a bola. Cabeceia a bola e bate na mão. Na minha opinião, o defesa tem os braços numa posição não natural. Tem os dois braços acima do ombro. É no Bruno Costa."
Árbitro: "Ok. É claro. Vou marcar penálti. Dá-me o número dele."
VAR: "É o número 8."
Santa Clara-Braga: queda de Bruma dá penálti, aos 71'
VAR: "Vem ver possível penálti. O defesa não joga a bola e pontapeia o pé do avançado. O Bruma joga a bola e é pontapeado pelo defesa número 23."
Árbitro: "Pára, pára. Número 23... OK, está bem."
Braga-Estoril, aos 63', penálti com intervenção do VAR
VAR: "O jogador do Braga atinge o adversário na cara"
Árbitro: "OK, dá-lhe uma chapada. Vou marcar penálti e cartão amarelo."