ENTREVISTA, PARTE IV - Filipe Ribeiro sente que o nível da formação portista nem sempre é espelhado em factos.
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Sucesso nos jogos com os rivais de Lisboa são certificado de qualidade. Contudo, o coordenador dos dragões concorda que vencer títulos é um passo necessário.
Dos sub-19 aos sub-15, o FC Porto venceu os rivais de Lisboa por seis vezes e só perdeu quatro em 2022/23. Como interpreta isto?
-Que temos jogadores com um nível nacional elevado e que estamos entre os melhores. Que a nossa base de recrutamento é boa e que os treinadores têm demonstrado capacidade e qualidade. Os nossos jogadores têm qualidade e por isso é que estamos representados nas várias seleções nacionais. Temos um nível alto, mas nem sempre é espelhado o que acontece na realidade e nos factos. É uma questão de pagarem nos números, olharem para eles e verem que, se calhar, o nível dos nossos jogadores é bom.
Como se explica que não se traduzam em títulos?
-Na formação olhamos para o dia a dia, para o desejo de sermos melhores e competitivos. É óbvio que se tivermos um conjunto de jogadores que teoricamente têm qualidade nos aproximaremos sempre da luta pelos vários títulos. Se não os conseguirmos, não será por não ser nosso objetivo tentar chegar em primeiro em todas as questões. A prioridade da formação é sempre o desenvolvimento dos jogadores, mas queremos que as nossas equipas sejam competitivas, organizadas, transmitam o ADN que andamos à procura... Que sejam, não digo, o espelho da equipa A, porque isso é impossível, mas sim uma aproximação. Olharmos para lá a vermos que já existem identificações do que queremos que se transmita para o futuro. Sermos equipas com essa ambição, coragem, determinadas, que não têm medo de jogar, que são organizadas. Esse é o nosso propósito. Agora, não vamos escamotear que queremos lutar pelos títulos. É esse passo que também temos de dar.
"A II Liga é melhor do que os sub-23"
Equipa B é a ponte entre os sub-19 e a equipa principal e, aos olhos de Filipe Ribeiro, o nível competitivo em que a portista se insere é superior ao do campeonato de sub-23.
Considera a equipa B um complemento da formação ou algo mais do que isso?
-É o seguimento. Aí já há um afunilamento ao nível da exigência e por isso é que já só chegam alguns: os que estão melhor preparados e aqueles sobre quem existe alguma expectativa de que possam chegar à equipa principal. Mesmo aí, depois há os que não conseguem. É fundamental que também exista este espaço intermédio, porque o impacto da passagem de uns sub-19 para uma equipa principal é drasticamente alto.
O clube não tem sub-23. É por não colocar os mesmos desafios da II Liga?
-Sem dúvida que a II Liga é melhor. Mas não tem sido isso que nos tem causado constrangimentos. O campeonato de sub-23 também tem tido anos melhores e outros piores. Ou seja, em alguns momentos não se tem retirado o expectável. Noutros acredito que sim, mas seria mais um patamar intermédio. Sem dúvida de que a equipa B é, do meu ponto de vista, muito importante para essa passagem e que o patamar da nossa, que é o da II Liga, é de muito maior exigência do que a própria Liga 3.
"FC Porto sem sub-23?