Equilíbrio defensivo está a marcar arranque de época. Há mais de 30 anos que os encarnados não sofriam tão pouco
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Num olhar sobre o impressionante arranque do Benfica de Jorge Jesus, mais do que as onze vitórias e dois empates em 13 jogos ou os 28 golos marcados, salta à vista o desempenho defensivo de excelência da equipa, contando que apenas foi batida cinco vezes.
Na temporada em que fez melhor do que agora no plano defensivo, a equipa da Luz foi à final da Taça dos Campeões Europeus. Então sofreu apenas quatro golos em 13 jogos, em 2020/21 foram... 17
Para encontrar um registo melhor do que o atual ao fim de 13 jogos oficiais, temos de recuar até 1989/90 , sob o comando de Sven-Goran Eriksson, quando sofreu apenas quatro golos, curiosamente uma temporada em que o Benfica foi à final da então denominada Taça dos Campeões Europeus, perdendo contra o Milan de Arrigo Sacchi, por 1-0. Para além do guardião Silvino, nesse elenco destacavam-se os centrais Aldair e Ricardo Gomes, então internacionais brasileiros, num plantel que tinha, ainda, defesas como Samuel, José Carlos, Veloso, Álvaro Magalhães e Fernando Mendes, entre outros.
Para se perceber a importância do que tem sido o trabalho defensivo deste Benfica, basta recordar que Jorge Jesus regressou ao clube na época passada e, após 13 partidas, já tinha 17 golos sofridos. Outrora reconhecido como um treinador que montava equipas que funcionavam com um autêntico rolo compressor, sobretudo nos seus melhores anos de Benfica, Jorge Jesus mostra, agora, uma face diferente, sendo perito em erguer muralhas defensivas.
Nos 13 jogos realizados, seis deles na Liga dos Campeões, apenas Moreirense, Boavista, Tondela, V. Guimarães e PSV conseguiram marcar aos encarnados, sendo que os adversários ficaram em branco em oito ocasiões. Não há, nesta altura, paralelo nas principais ligas europeias, contando que as cinco equipas com menos golos sofridos têm muito menos jogos realizados, casos dos franceses do Nice (3 golos/7 jogos), dos espanhóis do Sevilha (4/8) e Bilbao (4/7), dos italianos do Nápoles (4/7) e dos alemães do Friburgo (4/7). Em relação a clubes de topo, os ingleses do Chelsea também só sofreram cinco golos mas têm apenas dez partidas, tantos quanto as disputadas pelos alemães do Bayern, o próximo adversário do Benfica na Champions, que sofreu seis golos e.... marcou 46.
Há inúmeras explicações para o sucesso coletivo do conjunto de Jorge Jesus, mas a aposta num sistema com três centrais é, garantidamente, uma delas. Depois de ter apostado numa linha de quatro defesas durante a pré-temporada, o técnico começou as eliminatórias da Liga dos Campeões com a aposta clara nos três centrais, raramente mudando essa estratégia. Face a castigos, lesões ou gestão física dos jogadores, o treinador apenas escolheu a defesa a quatro nas receções a Arouca (2-0) e Tondela (2-1).
Atenuada malapata do "top 5"
A vitória sobre o Barcelona pode representar uma inversão no que tem sido a história de Jorge Jesus na Liga dos Campeões contra equipas das cinco principais ligas europeias. Nos 24 duelos anteriores, Jorge Jesus apenas tinha vencido três, todos contra clubes franceses, somando seis empates e 15 derrotas, sendo que, no comando do Sporting, nunca venceu clubes do top 5. Agora, e além de ter vencido um colosso como o Barcelona, não sofreu golos, algo que tinha acontecido apenas por quatro vezes, sempre no Benfica.