A assistência para o golo de Hurtado contra o Sporting foi o último golpe de génio de Minhoca. Há três anos jogava na III Divisão, ao serviço do União Micaelense (Açores), inspirado pelo ex-portista Deco
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Oriundo de uma família humilde e numerosa (tem 12 irmãos) de Ponta Delgada (Açores), Minhoca jamais ousou pedir para que o levassem ao Estádio do Dragão para ver jogar o ídolo Deco. Há 11 anos, antes de o Mágico trocar o FC Porto pelo Barcelona, era um investimento impossível. Por essa altura, o teenager Nélson Alexandre Farpelha Estrela já tinha o apelido de Minhoca e, inspirado pelo antigo Mágico dos portistas, mostrava dotes especiais na formação do Marítimo Sport Clube (Ponta Delgada). O grande momento, num curioso contexto de papéis invertidos, estava reservado para muito tempo depois, mais concretamente no verão passado, quando o Paços de Ferreira se deslocou à Póvoa de Varzim para disputar um torneio particular: Deco estava na bancada; Minhoca em campo.
Avisado da presença do ex-futebolista e atual empresário, o médio-ofensivo contemplou-o à distância com espanto e quem o conhece sabe que foi um dos dias mais marcantes da sua vida, tal como foi o último jogo em Alvalade, durante o qual antecipou, com uma assistência magistral, o golo de Hurtado e um precioso empate. Contratado pelos castores há menos de um ano, depois de ter representado o União Micaelense (entre 2006 e 2011), da III Divisão dos Açores; e o Santa Clara (entre 2011 e 2014), da II Liga; é um dos segredos da equipa comandada por Paulo Fonseca, sendo considerado uma "raridade" no panorama nacional. "É muito inteligente a jogar. Toma sempre a melhor opção", descreve Horácio Gonçalves, o último técnico de Minhoca no Santa Clara.