As águias são a terceira equipa que mais marca na Liga Europa mas a defesa tem anulado com erros essa pontaria.
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O Benfica fechou em Liège a fase de grupos da Liga Europa, terminando em segundo lugar após o empate (2-2) como Standard. Mas esta partida voltou a revelar uma equipa com prestação distinta no que diz respeito à capacidade ofensiva e à eficácia defensiva: na primeira, as águias estiveram por cima dos belgas e até poderiam ter voltado para Portugal com um resultado mais expressivo mas, no segundo aspeto, voltou a falhar.
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Os números da qualificação para os 16 avos de final da Liga Europa revelam esta bipolaridade de um Benfica que depende do seu poderio atacante para maquilhar e corrigir as falhas que, lá atrás, continuam a custar golos e pontos, tanto a nível interno como na participação europeia.
Com um elevado número de soluções ofensivas, algumas a terem custado muitos milhões de euros, como Everton, Waldschmidt ou Darwin, o Benfica segue em frente na Liga Europa com o terceiro melhor ataque da competição (18 golos, só superados pelos 21 do Leverkusen e os 20 do Arsenal), com uma eficácia de remate de 20,9 por cento (apenas atrás de Leverkusen, com 22,3 por cento de aproveitamento e do Happoel Beer-Sheva, com 21,2) e marcar pelo 15.º jogo consecutivo na UEFA (a última vez das águias em branco foi a 18 de abril de 2019, frente ao Eintracht).
Mas todo este cenário positivo acaba esbatido pela outra realidade, a de que há um buraco lá atrás que os adversários exploraram e fazem descarrilar a projetada máquina de Jesus. Com o jogo de Liège, as águias levam 22 golos consentidos em 17 jogos, numa média de 1,3 tentos por partida. Mas, mais do que isso, os sinais negativos acumulam-se quando se vê que esta foi a oitava vez em que a equipa de Jorge Jesus sofreu dois ou mais golos na presente temporada.
Frente ao Standard de Liège, os encarnados sofreram mais dois golos e, com eles, vão já em 22 nas 17 partidas oficiais disputadas, numa média de 1,3 tentos permitidos por encontro
Olhando apenas para a prestação na Liga Europa, o Benfica avança para a fase seguinte com a 24.ª defesa mais batida das 48 equipas que estiveram na fase de grupos. Os sinais de que algo está errado agravam-se ao ver que, entre as 24 formações que se qualificaram para a fase seguinte, o Benfica tem a maior percentagem de remates na direção da baliza: 47,5 por cento, contra os 42, 8 e 42,2 de Leverkusen e Arsenal, equipas mais próximas neste aspeto. Já quanto à quantidade de tiros concedidos às formações adversárias, está acima da maioria: o Benfica permitiu 59 remates nos seus jogos do grupo D, 9,8 por jogo. É o nono pior deste ranking entre os qualificados para os 16 avos da Liga Europa, vendo apenas Estrela Vermelha (99 remates), Antuérpia (83), Braga (80), Dínamo de Zagreb (72), Molde (71), Nápoles (66), Wolfsberger (65) e Milan (62) abrirem mais caminhos ao remate alheio.
A falta de faltas (as águias são a terceira equipa com menos em toda a fase de grupos) e a liderança na lista de equipas com menos amarelos deixam indícios quanto a alguma "macieza" excessiva do Benfica na hora de defender, o que certamente também é um dos fatores que explicam alguns dos golos sofridos.
Construção ao nível dos melhores com índices elevados nos passes
Se atrás as lacunas defensivas são notórias no Benfica até ao momento, na zona de construção do meio-campo para a frente os encarnados fizeram uma fase de grupos da Liga Europa ao nível dos melhores. Por exemplo, em relação aos 48 participantes na prova, as águias foram a quinta equipa com mais eficácia de passe (87 por cento), sendo batida apenas por um por cento por Leverkusen, Nápoles, Arsenal e Villarreal. O Benfica é, ainda, a sétima equipa com mais passes certos feitos e a décima com mais passes tentados.