Pinto da Costa foi ao Olival mostrar solidariedade para com o técnico que estava desgostoso por terem atacado a família, mas à tarde deu treino e a continuidade no FC Porto não esteve em causa.
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O carro da família do treinador Sérgio Conceição foi apedrejado à saída do Estádio do Dragão, no final do jogo contra Brugge (0-4). Na viatura seguiam a esposa, Liliana, e os filhos Rodrigo (22 anos) e Moisés (21 anos), com as respetivas companheiras.
Carro da família do treinador apedrejado à saída do Estádio do Dragão. Esposa e dois filhos, entre eles Rodrigo, viveram momentos de tensão
Na sequência do arremesso de pedras, o vidro do lado do condutor, que era a esposa do treinador, ficou rachado, registando-se ainda danos na carroçaria. Após estes momentos de tensão e terror, em que, de acordo com o Porto Canal, houve ainda insultos e o carro foi rodeado, Liliana ficou apavorada, temendo pela integridade, mas também como pela segurança dos filhos.
A PSP confirmou que recebeu a queixa contra desconhecidos e que desencadeou uma investigação, mas não se livrou de reparos do FC Porto através de um de apenas dois parágrafos. "O FC Porto repudia totalmente o ataque ao carro da família do treinador Sérgio Conceição, ontem à noite [anteontem, terça-feira], na saída do Estádio do Dragão. O FC Porto lamenta, ainda, a falta de proteção das autoridades, e apela a que o autor ou autores deste ato selvagem sejam rapidamente identificados e responsabilizados", pode ler-se.
Sérgio Conceição considera uma injustiça tremenda o sucedido depois das privações por que ele e a família tiveram de passar nestes seis anos de dedicação ao FC Porto
Sérgio Conceição recebeu a notícia de imediato, quando ainda se encontrava no Dragão, e ficou, naturalmente, revoltado com o sucedido. Mais ainda quando chegou a casa e ouviu da esposa o relato do sucedido e percebeu o estado apavorado em que esta se encontrava. Conceição "desligou-se" do exterior até ao final da manhã de quarta-feira, numa altura em que nas redes sociais, à boleia das notícias do incidente da véspera, se multiplicavam rumores sobre o mal-estar do treinador, que teria inclusive cancelado o treino do dia e ponderado colocar o lugar à disposição, levando a que Pinto da Costa o demovesse.
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É verdade que o presidente portista esteve no Olival (cerca de duas horas e meia), sabe O JOGO, mas no sentido de conversar e dar o seu apoio a Sérgio Conceição, que se apresentou, naturalmente, desgastado e desgostoso por terem mexido com o que é mais sagrado para ele, ainda que saiba que o incidente tem de ser atribuído a um grupo isolado de adeptos. O treinador considera uma injustiça tremenda o sucedido depois das privações por que ele e a família tiveram de passar nestes seis anos de dedicação ao FC Porto, estranhando ainda que o carro da sua família tenha sido o único a ser visado. Mesmo assim, o treinador não considerou a hipótese de colocar o lugar à disposição.
Apagão total, dizem as estatísticas
Tal como já foi dito, este episódio lamentável aconteceu pouco depois de o FC Porto sofrer uma das mais pesadas derrotas caseiras da sua história. Conceição, ainda assim, mandou chamar os jogadores ao Olival para uma unidade de treino vespertina, em que aproveitou para dissecar ao pormenor com o plantel tudo o que correu mal na noite de terça-feira, procurando levantar o moral das tropas para o embate com o Estoril.
O JOGO comparou as estatísticas do encontro com o Brugge às médias dos dragões esta época e a conclusão é muito simples: o FC Porto teve um apagão total. Ao ponto de se ter visto nos belgas tudo aquilo que costuma ser a sua imagem de marca: forte reação à perda de bola, pressão alta e intensa, muita mobilidade e velocidade no ataque. À equipa de Conceição faltou agressividade e o que aconteceu foi precisamente o contrário: permissividade e passividade. Olhemos, então, para os números publicados na infografia.
Desde logo, o FC Porto permitiu quase o dobro dos remates ao Brugge do que aos restantes rivais esta temporada, provavelmente uma consequência direta dos 12,45 (média é de 7,8) passes por ação defensiva que consentiu. Depois, ganhou muito menos duelos aéreos do que habitualmente, os cruzamentos tiveram menos eficácia, assim como os passes longos. E há questão das faltas, que o treinador aflorou, e que confirma a falta de agressividade na disputa dos lances. Foram oito apenas, contra 12,7 de média. Desde que Conceição está no FC Porto, só por 18 vezes é que a equipa acabou abaixo das dez faltas, tendo ganho apenas metade desse encontros.
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