Relatório reforça a necessidade de vender jogadores, "essencial para o equilíbrio económico e financeiro do Grupo", e a convicção no sucesso dessas operações. Em causa devem estar 100 milhões de euros.
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A FC Porto SAD apresentou no sábado, ao final da noite, o Relatório e Contas consolidado do 1º semestre, confirmando um resultado negativo de 51,8 milhões de euros, um prejuízo recorde que exigirá um grande esforço no capítulo das vendas para não voltar a cair nas malhas do fair-play financeira da UEFA. Conforme O JOGO já havia adiantado, deverão ser necessários cerca de 100 milhões de euros em mais-valias com a venda de jogadores.
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No relatório, o FC Porto identifica a despromoção para a Liga Europa como causa principal do défice nos resultados operacionais, ou seja, excluindo os proveitos com passes de jogadores. Nesse item, a quebra foi de 55,8 milhões de euros. Houve também uma subida dos custos operacionais de 1%, mas uma descida de 980 mil euros nos custos com pessoal. No deve e haver das rubricas relacionadas com passes de jogadores, o saldo líquido negativo é de 18 milhões de euros. A SAD especifica que tomou a decisão de não atenuar estes resultados com a venda de ativos no mercado de janeiro para "não pôr em risco a competitividade da equipa".
O relatório acrescenta ainda que os juros pagos pelo grupo baixaram em 1,7 milhões de euros, mas com agravamento dos resultados financeiros. O capital próprio está nos 87 milhões de euros negativos, ou seja, mais 52 milhões negativos do que existia em junho último. Baixou também o ativo total líquido, para os 357,5 milhões de euros, enquanto o passivo subiu para os 444,5 milhões, isto é, mais 36,4 milhões de euros do que registava o último exercício.
Recorde-se que, nas últimas duas épocas, o FC Porto somou, em prémios vindos da UEFA, 22 milhões de euros em 2017 e 60 milhões de euros em dezembro de 2018. Esta temporada, por força da eliminação na fase de qualificação da Champions e agora do afastamento prematuro da Liga Europa, esse valor não chegou a atingir os 10 milhões de euros.
O documento chama a atenção para "a grande sazonalidade em diversos custos e proveitos" da SAD, que não permite que se tirem "ilações conclusivas sobre a evolução do comportamento económico-financeiro" da empresa, nem "da estimativa de fecho das contas anuais". Em específico, o FC Porto lembra que "são os resultados com transações de jogadores os que mais contribuem para a desproporcionalidade entre semestres".
Há um ano, a SAD apresentara resultados positivos de 7,15 milhões de euros num exercício que encerraria, em junho, com 9,4 milhões de lucro.
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Queda em quase todas as rubricas de proveitos
Os proveitos operacionais da FC Porto SAD caíram de 107 milhões de euros em dezembro de 2018 para 52 milhões em 2019. Embora a grande diferença esteja nos prémios da UEFA (de 60 milhões para 9,4), as receitas sofreram ligeiras diminuições em quase todos os itens. A exceção foi a Publicidade e Sponsorização que cresceu 400 mil euros, dos 11, 5 milhões para os 11,9. Também as receitas de bilheteira caíram cerca de 260 mil euros, dos 4,55 M€ para os 4,28. Os custos com pessoal, conforme o referido no relatório, reduziram dos 44,5 milhões para os 43,5, mas a rubrica Fornecimentos e Serviços Externos subiu mais de dois milhões, dos 23,19 M€ para os 25,3.
Mais-valias
- 390 mil euros: o valor da mais-valia gerada pela venda do passe do médio espanhol Óliver Torres ao Sevilha por 11 M€, no último defeso.
- Das vendas do último verão, o melhor negócio foi o de Gonçalo Paciência, que foi vendido por 3 M€ e gerou 2,6 milhões de mais-valias. Seguiu-se João Carlos Teixeira: 1, 277 M€ e 1158 de mais-valias.