Artur Moreira, novo treinador do Águeda, trocou aos 39 anos a carreira de atleta pelo banco. Marcou o seu tempo na Liga com 187 jogos e deu luta pelo seu Beira-Mar até não dar mais.
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Artur Moreira está pronto a arrancar uma nova era na sua vida, passo dado pelo banco do Águeda, tentando impor uma marca racional em detrimento de nostalgia tão caraterística a quem pendura as chuteiras. Futebol jogado guardado como memória de parede, sem lugar a romancear anos mais de bichinho no relvado, mesmo com uma carreira cheia, que durou até aos 39 anos, composta por 487 jogos oficiais, 187 deles na Liga em clubes como Beira-Mar, Arouca e Marítimo. A paixão aveirense acompanhou Artur anos a fio, sentindo mais do que ninguém a dureza de jogar pelo clube do coração na distrital e no Campeonato de Portugal, quando sentiu o prazer de ser craque aurinegro na Liga.
"Estou claramente realizado por este passo. Dei sempre tudo dentro e fora do campo para que o clube conseguisse atingir os seus objetivos e muito gostava que estivesse hoje noutros patamares", realça o antigo criativo, despedindo-se da carreira com uma satisfação mínima.
"Pelo menos temos hoje o Beira-Mar nos nacionais. É verdade que ambicionamos sempre mais, mas a realidade é que a concorrência é forte e temos de ser realistas. Não conseguimos dar outro passo acima", sustenta Artur Moreira, abordando o chamamento de outro ofício, que deseja confirmar como vocação.
"Já me andava a preparar para quando surgisse a oportunidade certa a pudesse agarrar. O Águeda é um clube com muita história, excelentes condições de trabalho e vi nisso o momento certo para começar a treinar", elucida Artur, já vestindo a pele de treinador, apresentado pelos bairradinos, primodivisionários em 1983/84, há dois meses.
"Quero colocar em prática ideias próprias, sendo natural que tenha absorvido aspetos positivos de todos os treinadores que apanhei ao longo da minha carreira", frisa o aveirense, desafiado a impor uma matriz no Recreio de Águeda.
"O primeiro desafio é melhorar a cada dia. Aprender com a minha equipa técnica e com os jogadores. Ser honesto é fundamental, mesmo que eles possam não entender a mensagem em dado momento"
"Acho que posso ser um treinador mais forte no capítulo ofensivo, embora com conceitos adquiridos de diferentes aprendizagens. Quem está a meu lado é experiente e é assim que nos complementaremos. Quero ver, mais que tudo, um grande prazer no que os jogadores fazem no campo", afirma o antigo médio, sorrindo com a quantidade de incentivos recebida.
"Foram muitas palavras bonitas de muita gente e senti otimismo quanto às novas funções que abraço."