Artur Jorge: "Há resultados e confiança para renovar e continuar este projeto que é ganhador"
Treinador do Braga aborda clima de desconfiança e lembra mágoas sentidas em certos momentos
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Sobre a relação de confiança com a estrutura do clube e também sobre a aceitação dos adeptos, hoje muito divididos num rescaldo do trabalho do técnico ao cabo de duas temporadas, Artur Jorge foi acutilante na reflexão.
"Posso aceitar alguma desconfiança, algum desconforto, uma relação melhor ou pior. Eu percebo que haja uma grande exigência, que nunca é maior do que a minha. Eu já sei que não vou agradar a todos, tenho de agradar a mim", aferiu, decompondo mais diretamente a questão. "Tenho de dizer que fomos terceiros na época passada, dentro desse lugar foram superados os registos históricos do Braga. Coloquem, escrevam...foram 78 pontos. Será um número muito difícil de bater, um número muito bom, impressionante. O meu compromisso é a ambição de continuar a ganhar pelo Braga", atestou, puxando dos galões.
"Conseguimos outro objetivo que foi entrar na fase de grupos da Champions com um trajeto cem por cento vitorioso. Fizemos quatro pontos, foi curto, mas contra adversários de enormíssima qualidade e grandeza. As exibições, vistas pela Imprensa, foram boas. Depois foi conquistado um título, a Taça de Liga, ultrapassando o Sporting nas meias-finais. Na final conseguimos confirmar o nosso favoritismo. Portanto, este é um projeto ganhador, quer se queira ou não! Mas queremos fazer mais, podíamos ter feito mais, mas o futebol não é linear, há momentos de quebra, mas eu e os meus jogadores queremos continuar a vencer pelo Braga", destacou Artur Jorge.
E debruçou-se sobre hipotéticas mágoas de não ser tão reconhecido como outros, aceitando a máxima que Braga é boa madrasta e má mãe, segundo leitura anterior de Carlos Carvalhal, seu antecessor. "O que estou a falar são factos, é o que vai ficar", justificou. "Sou tão braguista como o Carlos Carvalhal, sou amigo dele. A realidade é que ganhamos todos, mas, na derrota, é só o treinador que perde. É quando vestimos a camisola que sentimos somos mais cobrados e menos aceites no momento da falha. Faz parte, mas não concordo nada! Temos de seguir em frente, é muito importante a nossa autoconfiança, por vezes a roçar o egocentrismo. Ninguém nos toca nem pode tocar", sublinhou, enfatizando a sua blindagem.
"Há resultados, projetos, há confiança para renovar e continuar este projeto e há confiança de outros grandes clubes que procuram falar comigo para assumir desafios próximos", valorizou Artur Jorge, não conseguindo travar um desabafo de injustiça pelo julgamento apressado do seu trabalho: "Só há algo que me faz confusão que é ganhar um título e três dias depois ver lenços brancos em casa. Se há uma mágoa, é essa que posso expor."