Tomás Oliveira é uma das caras novas do líder da Série C, que participa pela segunda vez no Campeonato de Portugal
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Pouco mais de dez quilómetros é a distância que separa a vila raiana de Arronches, no interior alentejano, da fronteira com Espanha. E foi ali, na vila com menos de três mil habitantes, que em 1939 foi criada a filial n.º 14 do Benfica: o Sport Arronches e Benfica. Um ano depois da primeira participação no Campeonato de Portugal, que redundou na despromoção ao distrital de Portalegre, os alentejanos estão de volta aos nacionais, e aparentemente revigorados. Os resultados assim o indicam: um empate e duas vitórias, em três jogos, que dão a liderança da Série C, partilhada com o vizinho O Elvas.
Tomás Oliveira, capitão de equipa, é um dos reforços. Natural do Porto, e com formação quase toda feita no Boavista, deixou o Fiães, do concelho de Santa Maria da Feira (Aveiro), na temporada passada, para rumar ao Alentejo. E a aposta está, por agora, a dar frutos. “Apresentaram-me um projeto bastante ambicioso, que abriu os meus horizontes. Encontrei pessoas extremamente sérias e honestas e estou muito feliz”, afirmou a O JOGO. Mudar a vida do litoral para o interior alentejano obrigou a ponderar várias situações pessoais. “Mostraram-me as instalações desportivas, a casa onde iria morar e tive oportunidade de falar com o míster João Trindade. A forma como as coisas foram tratadas, a seriedade, a transparência e a honestidade fizeram-me optar por este projeto”, justificou.
Ora, para quem está habituado ao trânsito do Porto, morar em Arronches é bem diferente. E tem muitas vantagens associadas. “As pessoas são muito afetuosas, acompanham o clube e abordam-nos bastante na rua. É uma vila pequena, com poucos habitantes, e muitas vezes vamos a pé de casa para o estádio. No caminho, os adeptos dizem coisas como ‘é para ganhar’. Vamos tomar um café e também falam connosco. É diferente”, admite. Por ser uma filial do Benfica, as cores das águias também estão presentes. “Há adeptos que vão ver os jogos coma camisola do Benfica”, conta.
O início positivo ilustra a ambição existente, mas sem euforias. “Sabemos os patamares que queremos atingir. O projeto está diferente em relação a anos anteriores. É preciso ter coragem, atitude e humildade, porque temos noção de que somos uma bandeira do distrito. O interior alentejano está fora do mapa e temos responsabilidade acrescida para fazer um bom trajeto”, enfatiza.
De resto, apesar de ser uma cara nova, Tomás Oliveira acabou por ser nomeado capitão do Arronches. “No Boavista, fui capitão nos escalões de formação durante 13 anos. É um perfil que tenho, sinto isso, e senti-me honrado quando o convite surgiu para que eu e mais três colegas liderássemos a equipa”, atira o médio de 25 anos, que sonha com o futebol profissional. “Já tive muitos dissabores. Tenho uma licenciatura em Ciências do Desporto que me dá outra base e segurança, mas o objetivo é chegar ao futebol profissional”, termina.
Calor abrasador não assusta
Se o tempo por estes dias anda cinzento, o frio ainda demorará a chegar ao Alentejo. “Fizemos treinos bidiários com temperaturas de 36, 38 graus e, às vezes, até 40. Essa exigência deixa-nos completamente tranquilos quando vamos para o jogo”, comenta. Ora, a vitória de domingo, teve uma reviravolta de assinalar. Aos 13’, o Arronches e Benfica perdia por 2-0. Acabou por ganhar 3-2. “Entrámos adormecidos. Melhorámos e sentíamos que o adversário estava inquieto. Marcámos cedo na segunda parte e conseguimos a reviravolta”, sintetiza.