Arruabarrena teve tardes e noites de grande inspiração; com ele entre os postes, a equipa fechou na Europa uma vez e ficou perto noutra. Ficaram boas memórias do clube. Foi dos melhores da liga em duas épocas, brilhando e dando força na baliza. Agora na Arábia Saudita, desfaz-se em elogios ao clube
Corpo do artigo
Foi um dos melhores guarda-redes da liga em duas épocas, somando um total de 66 jogos pelo Arouca, que fizeram disparar a cotação em Portugal, graças a intervenções felinas e um rendimento certeiro em muitas cobranças de penáltis. Arruabarrena brilhou a grande altura num 5.º e 7.º postos dos arouquenses e conquistou, livre, um contrato na Arábia Saudita, tendo-se já estreado pelo Al Wehda.
“Foi mesmo uma passagem plena de êxito e muito bonita. Cresci como jogador e pessoa, encontrei um grupo de jogadores e técnicos que fizeram um trabalho excecional. Foram duas temporadas muito positivas para todos, só posso ter uma sensação de agradecimento e felicidade por estes dois anos”, enaltece o guarda-redes de 27 anos, que chegou a Arouca proveniente do Montevideu Wanderers. “Sinceramente, quando soube da oportunidade, não pensei muito; significava chegar à Europa e queria aproveitar. Era um pouco uma incógnita, a equipa escapara da despromoção por pouco e eu não sabia o que ia encontrar. Mas cumpriram-se todas as expectativas, superei todos os objetivos, mostrei-me e transformei-me num guarda-redes melhor”, salienta. “Sou hoje muito mais completo, devo agradecer a todo o staff, e muito aos técnicos de guarda-redes que encontrei: Hélder Godinho, Tó Ferreira e o César, já com o Daniel Sousa. Os três fizeram-me crescer imenso, bem como os meus concorrentes diretos, o João e o Thiago”, evidencia Arruabarrena, analisando o sucesso das últimas apostas do Arouca, já que Mujica e Cristo renderam largos milhões a um clube de pressupostos humildes.
“Não vejo que seja milagre ou haja segredo. Fazem as coisas bem, há um bom trabalho de scouting e o grupo humano é muito forte. Vi ali um balneário incrível, todos nos fazem sentir cómodos desde o primeiro minuto. São vários elementos que ajudam muito um jogador a render mais. As boas classificações resultaram de grandes jogos, de um trabalho coletivo forte”, defende, tirando o chapéu a quem manda. “O scouting é forte e a família Pinho fantástica. Abriram-me as portas da Europa, acolheram-me muito bem e estiveram sempre à minha disposição. Cresci imenso no Arouca. Desejo muito que voltem a atingir a Europa”, garante.
Próximo dos espanhóis goleadores de 2023/24, reforços do Al Sadd, do Catar, o uruguaio antevê êxito. “Mujica e Cristo chegaram a uma equipa grande do Médio Oriente, sei que eles estão contentes com o passo que deram. E o agrado é mútuo, olhando ao Arouca. Escolheram uma grande equipa, que lhes vai dar todas as condições; é um salto de qualidade para ambos demonstrarem tudo o que sabem”, sustenta.
Já sobre o seu ingresso no futebol saudita, Arruabarrena tem um guião firme na cabeça. “Este passo que dei aumentará a aprendizagem, integrando-me numa liga com crescimento exponencial. Chegam cada vez mais jogadores de nível e sobe a competitividade. Quero medir-me, aprender e crescer. Não consigo imaginar o futuro, só penso em fazer as coisas bem, jogar e demonstrar o nível que posso alcançar”, atesta, ciente dos grandes duelos que o esperam.
“O Cristiano deu uma força tremenda à liga, mas também vieram Benzema e Neymar e outros de projeção, como Gabri Veiga. Estão em busca constante e encontram jogadores de grande nível. Vai ser uma grande experiência”, relata o uruguaio, rejeitando qualquer aproximação aos grandes de Portugal. “Nunca me chegou qualquer interesse concreto, nunca houve qualquer oferta na mesa”, garante.
Surpresa com Daniel Sousa
Ignacio de Arruabarrena ficou surpreendido pela notícia da saída de Daniel Sousa do comando do Braga, após um breve registo de jogos na Pedreira, sofrendo com o chicote após o empate caseiro contra o Estrela da Amadora. O uruguaio só tem palavras elogiosas para o ex-treinador, responsável por um trabalho admirável em Arouca.
“Falar de Daniel, de todo seu corpo técnico, é falar de enormes profissionais, muito capazes. Foi incrível o que conseguiram connosco; foi uma campanha extraordinária, todos juntos na época passada”, valoriza o guarda-redes. “Não sei o que se passou em Braga, e só penso em algo extrafutebolístico. Não vi os jogos, mas o campeonato tinha acabado de iniciar, resulta estranho que lhe toque sair assim. É um grande treinador, rodeado de um grande staff. Acredito que não vão demorar a encontrar outra equipa para demonstrarem todas as capacidades”, atira.