Parte dois da entrevista a Cristiano Bacci, que passou esta época pelos bancos do Boavista e Moreirense
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Na Europa trabalhou em Itália, Grécia e Portugal, que opinião tem do futebol português? "É um futebol muito competitivo. Cheio de jogadores jovens de grande qualidade e que podem ter um bom futuro. Têm de se encaixar mais no nível tático do futebol moderno. Há alguns jogadores que têm muita qualidade técnica, mas precisam de tempo para se ajustar e para evoluir. O campeonato português é perfeito para isso, porque ajuda os jogadores a crescerem rapidamente, sendo depois alvo para outros grandes clubes na Europa."
Com que modelo de jogo destes três países mais se identifica? "O meu estilo de jogo resulta de uma mistura entre o futebol italiano e português, mas não posso esquecer que cada país onde trabalhei me deu algo positivo. Aprendo sempre em qualquer lado. Aquilo que sou é fruto de todas as experiências que tive."
Em qual se sentiu melhor e gostou mais de trabalhar? "Gostei de trabalhar nos três países. Tenho uma característica positiva de me adaptar rapidamente às situações."
Após uma época a treinar em Portugal, que opinião formou dos treinadores
portugueses? "São treinadores muito competitivos. Muitos deles jovens e com muito potencial. Acho que o futebol português é muito proativo. Muitos treinadores encaixam numa ideia de futebol atrativa. Tentam sempre ter uma postura positiva no jogo, jogar o jogo pelo jogo, ter uma ideia ofensiva, e confesso que isso agrada-me. Acho que todos ganham com essa postura."
Trabalhou com vários treinadores, como adjunto, com qual aprendeu mais? "Trabalhei seis temporadas com o Lucescu. Partilhei muitas ideias e evoluí muito com ele. Foi o treinador que mais me marcou."
Tem alguma expectativa em relação ao seu futuro? "Há várias possibilidades em aberto. Continuar em Portugal é uma delas. Mas ainda é cedo para responder, vamos ver o que dita o mercado."
Como vê a paixão dos adeptos pelo futebol, na forma como sentem e vivem os seus clubes? "O futebol tem um potencial incrível para agregar pessoas. É isso que temos de ter em mente. Nós, treinadores, e agentes desportivos em geral, somos um exemplo e temos de ter um comportamento certo, em linha com o respeito que os adeptos merecem."
Há algo que distinga os adeptos de cada país por onde passou? "Todos os países são muito diferentes. Apesar de Portugal ser um país apaixonado pelo futebol, na Grécia os adeptos vivem-no de forma mais intensa e com menos equilíbrio emocional. Há muita mais paixão, algumas vezes desmedida. Os adeptos estão muito perto das equipas, dos jogadores, dos treinadores. Sentem muito o jogo."
Trabalhou na Arábia Saudita antes da recente transformação, o que difere o antes do agora? "Em poucos anos estão a mudar muito, como é normal. É um país que está a aproximar-se do estilo europeu. Estão a tentar fazê-lo. Acho que ainda há margem para melhorar. As equipas na Arábia são muito competitivas, porque há muitos jogadores e treinadores estrangeiros. Vão, de certeza, evoluir. Sem nada a apontar ao futebol árabe, mas, apesar da experiência inesquecível no Al Hilal, onde, numa época, venci todas as competições, devo dizer que prefiro e me revejo mais no futebol europeu."