Em entrevista ao Expresso, presidente do Braga confessa que objetivo do título a quatro anos vai merecer maior investimento, mas afasta liminarmente tentar chegar-se perto dos balúrdios gastos pelos grandes
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Em entrevista ao Expresso, António Salvador fala abertamente do peso que colocou na candidatura ao título no próximo mandato de quatro anos. O líder dos guerreiros recusou-se, liminarmente, a batalhar pela meta pela força do investimento. "O Braga nunca vai ser campeão pelo investimento. Nunca. Nunca se vai poder comparar com o FC Porto, o Benfica e o Sporting a investir nas mesmas condições para ser campeão. Isso nunca vai acontecer! Nem nunca o Braga, comigo a presidente, vai entrar nessa loucura. Nem pode. Isso será o fim do clube. Não é possível. Agora, aquilo que eu digo, que queremos ser campeões, vai por muito mais do que isso. Vai por aquilo que semeámos ao longo destes anos todos - das condições de trabalho, da organização, da liderança - e aquilo que nós queremos no futuro", precisou, argumentando em prol da sua leitura.
"Além da retenção dos melhores jogadores, é haver uma marca, uma imagem e uma mudança de mentalidade cá dentro, que possamos todos acreditar que é possível sermos campeões. Mas isso tem que ser de todos dentro do clube, com todos os adeptos, todos os sócios, todas as instituições. Qualquer funcionário aqui dentro tem que ser o primeiro embaixador do clube, tem que ser o primeiro a acreditar que é possível a ganhar. É um projeto que tem que envolver todos, todos, dentro e fora do clube, que é possível acreditar", justifica.
"Se acreditarmos todos, estaremos mais perto de ganhar. E, obviamente, com algum investimento mais que vamos fazer, com a retenção de mais talento durante mais anos na equipa, com esta mudança de mentalidade e com a força dos nossos adeptos, das instituições, da cidade, da região, acredito que poderemos e que vamos chegar a um título de campeão nacional. E temos tido exemplos noutros países de equipas mais pequenas que venceram os campeonatos, e não foi pelos orçamentos", destaca, com os exemplos na manga. "Vimos o Leicester há poucos anos em Inglaterra, teve o Nápoles em Itália, teve o Bodo/Glimt na Noruega, o Genk na Bélgica. Há sempre fenómenos de clubes que vêm de uma estabilidade e que, chega um determinado momento, conseguem ultrapassar aqueles ditos crónicos candidatos", situa, orientando a ambição para a escolha do treinador, recentemente conhecida, embora a entrevista tenha acontecido ainda com Carvalhal ao leme. "A ambição também começa pelo treinador que vem para o Braga e tem de ser o primeiro a acreditar que pode ser campeão. Se um treinador vem para o Braga e se sente confortável por ficar em 4.º lugar, porque isso já é ganhar, porque não consegue chegar aos outros, porque os outros têm um orçamento não sei quantas vezes maior, porque têm não sei quantos mais adeptos do que o Braga, e que ficar em 4.º já é muito bom... Isso também não pode ser", avisa, já num prenúncio do destino traçado para quem dirigia a equipa em 2024/25.
"E não pode ser um treinador de futuro no Braga Este século, o Braga acabou o campeonato quatro vezes no pódio, com destaque para o 2.º lugar de 2009/10, com Domingos Paciência a treinador. Qualquer um que venha para o Braga, tem de acreditar que pode ser campeão nesta equipa. Esse é o mindset que vamos incutir no clube e nos adeptos", afirma, descrevendo as relações com os técnicos, tantas vezes encaradas como críticas, ou de pavio curto face aos resultados. "Tenho boas relações com os treinadores, eles têm liberdade para entrar. Sou exigente, quero resultados e, no balanço de cada ciclo, faço a sua avaliação. Mas o treinador tem toda a liberdade de trabalhar, tem é de ter um objetivo claro e alcançar aqueles a que nos propomos. Nem sempre é possível, mas, pelo menos, temos todos de acreditar", assinala.