Palavras do presidente minhoto na abertura da Assembleia Geral extraordinária para votar alteração dos estatutos
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O Braga tem esta manhã, no novo pavilhão do clube, uma Assembleia Geral extraordinária que visa discutir e votar uma alteração dos estatutos. Um dos pontos em foco é a hipótese de deixar de ser obrigatório ter maioria nas sociedades desportivas.
"Mesmo discordando de algumas referências que o Conselho Geral optou por manter e apresentar, afirmo a minha concordância com o documento como um todo. Faço-o por entender que ele cumpre aquele que julgo ser o seu grande objetivo: por um lado, proteger e preservar o centenário Sporting Clube de Braga; por outro, responder aos desafios do presente e antecipar e preparar o clube que seremos no futuro. Os sócios aqui presentes serão, como sempre, soberanos. Mesmo considerando que deve ser dado este passo, não radicalizo o discurso nem alego que qualquer outra decisão coloque em causa a visão e o projeto que nos têm orientado ao longo dos anos", afirmou António Salvador na abertura da Assembleia Geral.
"Da minha parte, tenho muito claro que o futuro deste e de qualquer outro clube português não se compadece com imobilismos, receios ou fraquezas. Quero dizê-lo expressamente e com a consciência do registo histórico destas palavras: é irrealista pensar-se que o Sporting Clube de Braga do passado pode garantir o crescimento e a glória do Sporting Clube de Braga do futuro. Sem abertura para o debate e para a mudança, muito do que foi alcançado ao longo dos anos será perdido irremediavelmente. Lideranças temerosas e hesitantes, saudosas de fórmulas passadas e de êxitos idos, conduzirão o clube à irrelevância e à estagnação. Tendo consciência das inúmeras mudanças que estão a ser operadas no contexto nacional e sobretudo internacional, estou absolutamente convicto de que emblemas com a dimensão do nosso vão ter o seu espaço ameaçado se não forem capazes, como fomos até aqui, de encontrar caminhos alternativos que garantam a sua competitividade e a sua sustentabilidade", indicou.
"Quero também referir-me ao tão discutido artigo 110, relativamente ao qual não posso deixar de notar um movimento de desinformação e até de algum desconhecimento. Falo da posição maioritária do clube na SAD. Desde logo, e com alguma estranheza, não vi ainda referido no debate que se a atual referência existe, ela deve-se à iniciativa de uma Direção por mim presidida. Devo recordar que a atual redação foi introduzida em 2015 e que nunca antes os estatutos tinham balizado a participação do clube na SAD. Evocando esse período, o espírito do texto estava diretamente relacionado com a participação devida pela Câmara Municipal e visava pressionar um compromisso desta para com o clube numa eventual cedência ou venda das suas ações, priorizando o Sporting Clube de Braga. Todos sabemos que não foi esse o caminho seguido pelo Município, o que necessariamente conduziu a que os estatutos que hoje temos não tenham correspondência com a realidade", observou.
"Não tendo o Sporting Clube de Braga a maioria da SAD, como nunca teve, nem tendo por via do Município esse respaldo, sou da opinião de que os estatutos devem voltar à anterior fórmula, aquela que sempre existiu. Tal não constitui um salvo-conduto para que esta ou qualquer Direção disponha da participação do clube na SAD. Não! Nenhuma Direção do Sporting Clube de Braga pode decidir a venda de ações sem autorização prévia dos sócios, em Assembleia Geral. Da mesma forma, não impede que esta ou qualquer Direção adquira ações, reforçando a participação do clube. Nenhuma decisão tomada hoje produz qualquer alteração sobre a realidade, que continuará a garantir aos sócios que o clube tenha, no mínimo, o número de ações que tem desde a fundação da SAD e que nos tem garantido total controlo sobre a gestão e sobre o exercício da soberania da vontade dos associados. Não alinho em conspirações, remeto-me aos factos. Sem ter comprado ou vendido ações, o Sporting Clube de Braga é hoje mais independente e autónomo do que era quando há mais de duas décadas me dispus a servir o clube e a SAD, defendendo que "a participação que o clube atualmente detém na SAD serve em absoluto os seus interesses, não bloqueando a estrutura acionista a parceiros que possam valorizar a Sociedade e apoiar o seu crescimento e afirmação num mercado cada vez mais global."
O presidente do clube minhoto terminou referindo que "cabe a todos nós, Sporting Clube de Braga, a condução do nosso destino." "Concluo repetindo que é importante que não haja a tentação de acreditar que é possível preparar o futuro fugindo às evidências e aos imensos desafios que nos são colocados pelo contexto externo."