A O JOGO, três ex-defesas encarnados analisam o cenário de "fartura" que o técnico vai enfrentar nas próximas semanas. Camisola 4 deve ser o último a voltar mas é o par favorito para o argentino.
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Há um puzzle que Roger Schmidt vai ter de resolver nas próximas semanas: com João Victor, Morato e, ainda que um pouco mais ao longe, Lucas Veríssimo, a acelerarem para a plena reintegração nos trabalhos da equipa, vai-se esboçando um problema para o alemão em torno da escolha da melhor dupla de centrais que as águias poderão apresentar daí em diante.
Otamendi tem sido o pilar indiscutível e, após a lesão de Morato, que recebeu a preferência de Schmidt no arranque da época até se lesionar, subiu ao palco o jovem António Silva, que também tem dado boa conta do recado ao lado do experiente argentino.
Mas, num cenário plena recuperação do trio de baixas e onde também há que contar como reforço John Brooks, qual será a melhor dupla? O JOGO falou com três ex-centrais das águias João Manuel Pinto, Sérgio Nunes e Ricardo Rocha: daqui e por maioria, sai a opinião de que em condições físicas plenas de todos a dupla perfeita passa por Otamendi e Lucas Veríssimo, algo que apenas deverá ser possível de ver, se Schmidt o desejar, após o Mundial. Este último entrou na fase final de reabilitação e espera ser dado como cem por cento apto, ainda que trabalhando com algumas limitações depois, daqui por três semanas.
"Num cenário em que todos estejam bem no plano físico, jogam Otamendi e Lucas Veríssimo, sem dúvidas. Pelo que já mostrou, Veríssimo é um central poderosíssimo, rápido, forte no jogo aéreo enquanto Otamendi é dos melhores do mundo. São dois jogadores que se complementam, embora também veja o Morato como um defesa capaz de morder os calcanhar ao Lucas Veríssimo. Aliás, Morato tem um fator de distinção de todos os outros, é um esquerdino, o que lhe dá algum favoritismo para jogar no meio à esquerdo", começa por analisar João Manuel Pinto.
Para Sérgio Nunes, essa é também a dupla potencialmente mais forte. "Otamendi será sempre importante para a equipa. Não é que seja intocável, mas sempre que estiver em condições jogará sem qualquer problema. Já Morato foi a primeira opção do treinador, que depois apostou em António Silva, que tem muita qualidade também, há ainda João Victor, uma das apostas do Benfica para esta época. Julgo que a opção inicial, será Otamendi e Morato. Mas, sem tirar o mérito a Morato e a António Silva, que têm cumprido muito bem o papel, Lucas Veríssimo já provou ter grande capacidade e tem uma perspetiva de seleção do Brasil. Por isso, num cenário de todos estarem a cem por cento e em pé de igualdade, a aposta lógica será Otamendi com Lucas Veríssimo. É um problema saudável para o treinador", aponta Sérgio Nunes.
Esta é uma linha que Ricardo Rocha também segue. "Há muita escolha no plantel, o que é muito bom para o treinador mas é também uma dor de cabeça. Pelo que se tem visto Roger Schmidt tem o seu onze na cabeça e, por isso, já deve ter bem em mente qual a dupla que melhor serve a equipa. Qual será? Não sei, o Benfica está muito bem servido de centrais. Creio que todos partem ao mesmo nível mas não podemos esquecer que o Lucas Veríssimo vem de uma lesão grave e é importante que seja reintegrado com calma", aponta o antigo central.
António Silva e os rivais a "morder os calcanhares"
Aos 18 anos, António Silva já soma seis jogos na equipa principal das águias mas o regresso de jogadores com mais experiência e estatuto pode tirar-lhe o tapete. Sérgio Nunes não alinha por essa ideia, apesar de tudo. "António Silva tem muito futuro mas, se continuar a cumprir ao lado de Otamendi, não vejo necessidade de mexer na dupla. Mas por ter chegado agora e pela juventude e não pela qualidade, poderá sair", vê o antigo jogador. Quanto a João Manuel Pinto, frisa que "o Benfica tem um treinador que não tem medo de apostar na formação e, se a equipa está bem, todos os outros terão de esperar pela sua oportunidade": "Nada é garantido num clube grande como o Benfica. O António está a jogar agora mas, quando outros começarem a voltar, vão senti-lo a morder-lhes os calcanhares e é aí que o jogador vai mostrar que aguenta a pressão." Já Ricardo Rocha, analisa que "Morato começou a época muito bem e, quando se lesionou, o António Silva tem estado ao mais alto nível também".