Antigo médio do Sporting elogia pensamento de Amorim e pede: "Deixem Varandas trabalhar"
Aldo Duscher, motor do leão no título de 1999/2000 está entusiasmado com a atual equipa e dá a receita, uma fórmula de que nunca prescindiu em campo.
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O antigo médio Aldo Duscher, agora treinador na formação do Deportivo da Corunha após uma primeira experiência no Newell"s Old Boys, torce por fora pelo Sporting com a mesma paixão com que ajudou o leão a quebrar o jejum de 18 anos sem títulos em 1999/2000.
"É fundamental não ter relaxamento"
Em entrevista a O JOGO, o argentino que chegou a Alvalade em 1998/99 pela mão do técnico croata Mirko Jozic e que foi decisivo na conquista da temporada seguinte, mostra-se emocionado ao ver os verdes e brancos retomarem o trilho do sucesso. E espera que não abrandem o ritmo e não percam a humildade, como ele mesmo fez há duas décadas, para que o título nacional seja uma realidade.
Viu o Sporting no clássico contra o FC Porto? Com que impressão ficou num jogo catalogado de essencial?
-Foi um jogo muito equilibrado que careceu de bom futebol, como até costumam ser os clássicos. O Sporting é uma equipa que dá muita importância aos seus laterais/alas, Porro e Nuno Mendes, que são fundamentais na fase defensiva e também na ofensiva, e que dão muita amplitude e profundidade. É uma equipa sólida, direta, vertical. Talvez não de tanta posse... Uma equipa jovem e dinâmica.
Pareceu uma equipa madura e decidida, que sabe o que quer e com inteligência tática para gerir os momentos do jogo, apesar da juventude?
-Tem dois jogadores que dão muita tranquilidade no que toca à experiência, como o Coates e o João Mário. É uma equipa que sabe o que quer, esclarecida, com ideias bem definidas, com início de jogo curto para chamar o rival e depois esticar o jogo e procurar espaços na frente. Ataca rápido, com muita participação na saída para o guarda-redes e os centrais.
"É preciso aproveitar que o FC Porto e o Benfica não estão bem"
Uma vantagem tão grande para a concorrência - com o final da Liga NOS a aproximar-se - é difícil de perder? Que cuidados se devem tomar agora para não haver relaxamento e pensar que está ganho? Vê semelhanças com a equipa de 2000?
-A chave é pensar jogo a jogo, não baixar a intensidade, e saber controlar os tempos quando não está a surgir o resultado pretendido. São equipas diferentes, nós tínhamos mais posse de bola, não fazíamos um futebol tão direto, tínhamos em cada setor jogadores de muita experiência. Nessa temporada, estávamos a competir com o melhor FC Porto de muitos anos. Este Sporting tem de aproveitar a mescla de juventude e experiência, assim como o facto de Benfica e FC Porto não estarem bem.
Como analisa o trabalho do treinador? Rúben Amorim continua sem assumir o favoritismo na luta pelo título - pensa "jogo a jogo".
-Creio que pensar assim é o ideal. Não cria um ambiente de superioridade, mas é fundamental não ter relaxamento. Pelo que vejo nos jogos é um treinador com ideias claras e conta com jogadores experientes e outros mais jovens mas com grande projeção.
Esteve no fim de um ciclo de 18 anos sem o título de campeão nacional e a festa foi tremenda. Imaginava outro ciclo semelhante, como este que pode completar 19 anos?
-É importante para um clube tão grande como o Sporting conquistar títulos! E se é de forma continuada muito melhor. É preciso dar continuidade ao projeto de Varandas, um projeto a longo prazo. É hora de que respeitem os projetos e deixem trabalhar as pessoas.
"Se o Varandas continua como até agora, temos futuro"
Apoiou Frederico Varandas nas eleições, mas até esta época, o agora presidente passou por momentos de contestação. Acha que ter aguentado as críticas foi fundamental para conseguir sustentar o projeto?
-Se gostamos do Sporting e queremos que consiga muitos títulos, temos de estar unidos e deixar as diferenças de lado! Com projeto a longo prazo, o êxito será maior! O que importa é o escudo. Se o Varandas continua como até agora, temos futuro. Comprou bem, apostou num treinador jovem e que dá espaço a jogadores da "cantera", cuida as contas do clube e acima de tudo conhece bem a casa.
O que viu em Varandas para ser seu apoiante?
-Quando falei com ele deu-me a sensação de estar a falar com uma pessoa muito humilde e que tinha um projeto atrativo. Foi médico do clube e trabalhou sempre dentro do universo do Sporting, além de que deu cargos a ex-jogadores em lugares chave. Por isso nunca duvidei da sua capacidade.
O Sporting está a provar que se pode fazer mais com menos que os rivais, não?
-A gestão é muito importante, ter uma estrutura com gente séria, capacitada, com um projeto sério, dar importância e trabalhar seriamente na formação... Potenciar jogadores que são o futuro da instituição. E ter o apoio de toda a gente! O Sporting é muito grande e como alguém que o viveu por dentro quero vê-lo fazer uma boa Liga dos Campeões.
E tem estado afastado dessa prova, que hoje em dia é cada vez mais importante por prestígio e questões financeiras...
- A Liga dos Campeões é algo necessário, algo que o Sporting tem pendente. Tem todas os condimentos para pensar num grande futuro. Deixem trabalhar o presidente Varandas.