"Antes do jogo, disseram que se o FC Porto ganhasse o Madjer seria o melhor em campo"
Pinto da Costa recordou episódio caricato da Taça Intercontinental de 1987.
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Jorge Nuno Pinto da Costa elegeu o triunfo do FC Porto sobre o Peñarol, na Taça Intercontinental de 1987, como o jogo da sua vida e, em rubrica da FC Porto TV, recordou alguns episódios caricatos dessa partida, disputada sob um intenso nevão em Tóquio, capital do Japão.
"Na véspera, a comitiva foi passear no Japão, estava um dia de sol. No dia seguinte, quando acordámos, estava tudo cheio de neve. O jogo era ao meio-dia, nem tivemos tempo de pensar o que haveríamos de fazer. (...) O Peñarol nem pensava em jogar, mas eu sentia os jogadores com vontade de jogar e ganhar. Consultei o mister, que era o Tomislav Ivic, pedi-lhe a opinião e ele disse 'o presidente decida pelo seu feeling'. Eu decidi que jogávamos. (...) Se tivéssemos perdido, iria ficar com remorso, porque fui eu que insisti para que o jogo se realizasse", recordou o presidente portista, revelando a conversa que teve com o árbitro austríaco Franz Wohrer na hora da decisão:
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"O árbitro estava a conversar e ia ser o último jogo dele, porque ia terminar a carreira a 31 de dezembro, por limite de idade. Eu disse: 'O senhor não vai terminar a carreira a ver neve no Japão. Se o jogo ficar adiado para março, o senhor já não é árbitro. Tem a oportunidade de terminar a carreira com o jogo mais importante da sua vida'. Ele pensou e disse que ia tentar fazer o jogo. O presidente do Peñarol ficou muito zangado", lembrou Pinto da Costa, sem esquecer o momento de definição dos melhores em campo... antes do apito inicial.
"O representante da FIFA, juntamente com a Toyota, que era o organizador, disse-nos antes do jogo começar: 'Se o FC Porto ganhar, o melhor em campo é o Madjer. Se O Peñarol ganhar, o melhor jogador é o Viera'. Eu perguntei: 'E se não jogar bem?' Responderam-me que não interessava, 'se jogarem, são estes os melhores'. Como havia um carro em disputa eu disse no balneário: 'Atenção, se nós ganharmos não fiquem melindrados, o melhor jogador vai ser o Madjer, vai receber o Toyota' e ficou logo decidido que o carro ficaria no clube, hoje está no nosso museu. O Madjer não foi o melhor, mas marcou o segundo golo. Antes do jogo já estava decidido quem era o melhor jogador em campo, isso nunca tinha visto. Até penso que os melhores jogadores em campo foram os guarda-redes. Foram todos heróis, os nossos e os uruguaios", rematou Pinto da Costa, entre sorrisos.