Declarações do ex-treinador do FC Porto em entrevista a Juan Pablo Varsky, no podcast "Clank!"
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O difícil e híbrido contexto pré-Mundial: "No final da época, tínhamos praticamente claro o mercado que íamos fazer, tínhamos até falado com possíveis reforços, alguns que chegaram agora, e sabíamos que o Mundial de Clubes era arriscado. Deixava-nos com 18 dias até voltar a acabar, no final de uma época que era para esquecer, os jogadores necessitavam era de ir de férias e voltar um mês depois. Custava-nos muito recomeçar a pré-temporada que era híbrida. Nem pré-época, nem frescura. Era preciso começar do zero, os jogadores precisavam de descansar, estava a ser muito duro para eles. Fizemos muitas coisas no processo FC Porto em que não tínhamos a claridade suficiente."
Entre o Palmeiras e o Inter Miami: "Planificámos muito bem o jogo com o Palmeiras, porque tivemos muito tempo. Esse jogo levou-nos aos limites, super intenso, muito calor. Desfrutei do ambiente, do ritmo, da tática, porque fizemos alguns ajustes defensivos, mas o Abel mudava e nós também mudávamos a seguir. Quando terminou o jogo, tínhamos três dias para o seguinte e disse aos jogadores que íamos a recuperar, mandei-os ir passear a Nova Iorque e desfrutar um pouco. Tinha a dúvida se jogava o Jordi Alba ou o Segovia e isso mudava tudo, pelo que tive que mostrar dois sistemas diferentes do adversário aos jogadores. Achei que ia ser o Alba e jogou o Segovia, eram quatro por dentro e tínhamos inferioridade pelo corredor central. Aos 15 minutos, percebi que era preciso meter um médio, mas não fizemos isso ao intervalo, só depois do 1-1. E quando esperava para entrar, o Messi marca de livre e o jogo partiu."
A conversa que tocou o plantel: "Tive uma conversa dura com o plantel, porque sentia que nos tinha faltado uma certa humildade. Não tenho problemas em dizer aos jogadores que me enganei, aconteceu muitas vezes. Mas também temos de ter a humildade de ver-nos e perguntar em que nos enganámos. O Suárez correu 10 quilómetros nesse dia e nenhum jogador nosso fez o mesmo. Antes do jogo com o Al Ahly, disse que podíamos ter ali um botão em que, se carregássemos, íamos de férias. Ou podíamos enfrentar o jogo e depois íamos de férias. Que fazemos? Jogámos o jogo ou carregamos no botão e vamos de férias e já está, acabou a temporada e o Mundial? Se é para ficar, temos de estar concentrados. E o que correu a equipa nesse dia...o calor, o Marcano, com 38 anos e último homem, transições quatro contra quatro…"

