Avaliação de AVB fica para o pós-Mundial de Clubes, mas o argentino é cada vez mais questionado. A falta da evolução dos jogadores, os resultados dececionantes e o risco iminente de eliminação da prova organizada pelos EUA deixam o técnico em cheque junto dos portistas inquiridos por O JOGO.
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As ondas de choque provocadas pela inesperada derrota do FC Porto com o Inter Miami deixaram Martín Anselmi numa posição bastante fragilizada junto dos adeptos, cada vez mais críticos do trabalho do treinador argentino, que implicou um investimento de 3,1 milhões de euros da SAD em janeiro. O final do campeonato, em que os azuis e brancos não foram além do terceiro lugar, a 11 pontos do Sporting (1.º) e a nove do Benfica (2.º), já havia acionado alguns sinais de alerta, mas tem sido a dececionante participação no Mundial de Clubes, em que o objetivo mínimo passa por atingir os oitavos de final – será preciso um “milagre” para isso acontecer –, a colocar em causa o ex-Cruz Azul.
André Villas-Boas encontra-se a chefiar a comitiva portista nos Estados Unidos e reserva qualquer avaliação do momento para o final da competição, sendo que ainda esta semana transmitiu um voto de confiança ao técnico de 39 anos. “Há pessoas que querem introduzir ideias novas no jogo. Temos esse tipo de treinador provocador no FC Porto com Martín Anselmi, com ideias diferentes. Ele pensa no jogo, em diferentes soluções”, elogiou o presidente dos dragões, garantindo que a SAD está “na posição de investir e dar ferramentas a Anselmi para ter sucesso”. “Os adeptos querem o título de campeão nacional de volta”, sublinhou. Porém, a pressão é cada vez maior.
A crença do universo de inquiridos por O JOGO na capacidade de Martín Anselmi para triunfar em 2025/26, contudo, atingiu um novo mínimo. Da falta de evolução dos jogadores ao modelo de jogo, são várias as razões que fazem o consultor Luís Folhadela Rebelo, o letrista Carlos Tê e os juristas Paulo Teixeira e José Fernando Rio torcerem o nariz ao argentino.
“Este desempenho do FC Porto [no Mundial de Clubes] talvez não seja surpreendente, mas é absolutamente dececionante”, refere o primeiro, que, apesar de tudo, faz questão de separar os dois encontros iniciais. “Com o Palmeiras, estávamos a jogar contra uma equipa experiente, de um campeonato competitivo, num momento da época diferente. Já com o Inter Miami, não consigo dizer outra coisa que não seja que foi muito mau e que ficou muito longe dos pergaminhos do FC Porto”, sustentou Luís Folhadela Rebelo, considerando que a aposta em Anselmi “deve ser ponderada por parte da Direção”, porque desconhece se o clube terá “capacidade financeira para uma época igual com o investimento de 70 M€ que se preconiza”.
Derrota com o Inter vista como uma mancha negra
Paulo Teixeira, que partilha um assento no Conselho Superior do FC Porto com Luís Folhadela Rebelo, coloca-se entre os que contavam com mais. “Não estava à espera desta prestação”, mandatando a sociedade desportiva liderada por Villas-Boas para “decidir o que é melhor” em relação ao futuro de Anselmi. “Nós, portistas, só queremos ver melhores prestações e uma equipa vencedora”, acrescenta o jurista, enquanto Carlos Tê assume que perspetivava o que está a acontecer com os dragões no certame com o selo da FIFA. “Não havia motivos para melhorias óbvias. Não seria a inclusão de um jogador como Gabri Veiga que ia mudar as coisas. É preciso começar a chamar as coisas pelos nomes: parece-me que Anselmi é um falhanço”, classifica o também comentador de O JOGO.
Igualmente sem medo das palavras, José Fernando Rio considera que “o FC Porto arrisca-se a ter uma passagem humilhante pelo Mundial de Clubes”. “Depois de empatar a custo com o Palmeiras, esta derrota é uma mancha negra na história do clube”, sublinha o jurista e segundo classificado nas eleições para a presidência dos azuis e brancos em 2020. “Só uma vitória contra o Al Ahly pode salvar a face, mas não tenho a esperança que isso possa acontecer e muito menos de passar à fase seguinte”, indica, pelo que entende que “Martin Anselmi chegou ao fim da linha no FC Porto”.
“Não sou dos que desiste à primeira – nem à enésima – dos treinadores, mas a verdade é que não vejo grande evolução na equipa e acho a insistência nesta tática absolutamente suicida. Quando vejo uma equipa a jogar a passo, não pode ser só falta de empenho dos jogadores. É uma temeridade estar a apostar neste treinador, neste modelo de jogo e, aparentemente, investir 70 M€. Receio muito pelos riscos que estão associados a isto”.